Este volume
VIII reúne 28 contos de Tchékhov, de «Flores Tardias» a «O Sangue Frio».
Como disse
Nabokov, nas personagens de Tchékhov «não existe uma mensagem social ou ética
directa». São pessoas «capazes de sonhar, mas incapazes de governar», «tolas,
fracas, fúteis, histéricas».
«Deixavam
escapar as ocasiões, evitavam agir, não dormiam à noite inventando mundos que
não sabiam construir; mas a própria existência destas pessoas, cheias de uma
abnegação apaixonada e fervorosa, de pureza espiritual, de elevação moral, o
simples facto de estas pessoas terem vivido e talvez ainda viverem hoje,
algures, na implacável e reles Rússia actual é uma promessa de futuro melhor,
para todo o mundo, porque, de todas as leis da natureza, a mais maravilhosa é
talvez a da sobrevivência dos mais fracos.»
«Tomando a forma de médico, de estudante, de mestre-escola e de gente
de muitos outros ofícios, é este o ser humano que atravessa todos os contos de
Tchékhov.
O que mais
irritava os seus críticos politizados era o facto de este tipo não pertencer a
um qualquer partido político determinado e de o autor não o ter dotado de um
programa político bem definido. Aqui é que bate o ponto. Os ineficazes intelectuais
de Tchékhov não eram terroristas nem social-democratas, nem futuros
bolcheviques, nem nenhum dos inúmeros membros dos inúmeros partidos
revolucionários da Rússia. O importante é que o herói típico tchekhoviano é um
azarento defensor da verdade humana universal, indefinida mas bela, um fardo
que é incapaz de suportar e que também não pode alijar. O que vemos em todos os
contos de Tchékhov é um contínuo tropeçar, mas quem tropeça é sempre alguém que
se distrai a olhar para as estrelas.» [Vladimir Nabokov]
Sem comentários:
Enviar um comentário