«Neste recente livro, [José Gil] vai
mesmo directo à questão do que são os heterónimos (“Qual o estatuto –
ficcional, literário, ontológico – de que gozam?”), mostrando que, em Pessoa,
toda a passagem do plano da vida para o plano da literatura supõe a noção de “vida
heteronímica”, constituída por afectos, visões, sensações, etc. E aí abre-se um
vasto campo a explorar: por um lado, os heterónimos são dotados de uma forte
autonomia, ao ponto de poderem manter entre si um diálogo e uma relação polémica;
mas, por outro, a constelação compreende um lugar tutelar, ocupado pelo “Mestre
Caeiro”, precisamente aquele que se quer subtrair ao pensar, a toda a metafísica,
para se deixar conduzir apenas pela ciência do ver e do sentir (o ver é, nele, uma
condensação de todos os sentidos).» [António Guerreiro, Público, ípsilon,
18-04-2014]
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