25.3.22

Sobre Os Demónios, de Fiódor Dostoievski

 



Verkhovenski e Stavróguin são os líderes de uma célula revolucionária russa. O seu objectivo é derrubar o governo, destruir a sociedade e tomar o poder. Mas quando o grupo está prestes a ser descoberto uma questão se coloca. Estarão os seus elementos dispostos a matar-se uns aos outros para encobrir o seu rasto? O romance baseia-se, em parte, na história de um estudante assassinado pelos seus colegas revolucionários. Mas é também uma descrição da Rússia do século XIX e uma acusação contra os que usam a violência em nome dos seus princípios.

Tolerado por Lenine, banido por Estaline, cujo regime parece ter antecipadamente previsto, Dostoievski só seria redescoberto na URSS a partir dos anos 60 do século XX. É que a extrema atenção com que o autor de Os Demónios seguia os acontecimentos da sua época permitiu-lhe prever os excessos e sofrimentos para que o seu país caminhava.


«Muito do mal que torna sombrio Os Demónios resulta da profanação ou perversão do amor (…), o modo como Stavróguina esvazia a alma dos homens para que os demónios nela possam entrar pode ser visto, com extraordinária força e equilíbrio dramático, no episódio da reunião em casa de Verkhovenski. A cena é a Última Ceia e o modo de a tratar é ao mesmo tempo irónico e elegíaco. (…) Não podemos esgotar os significados de Stavróguin, como não podemos esgotar os de Hamlet ou do Rei Lear.» [George Steiner, Tolstói ou Dostoievski]


Os Demónios (trad. António Pescada) e outras obras de Fiódor Dostoievski estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/fiodor-dostoievski/

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