4.5.15

JL dedica dossier a Elogio da Intolerância





 
 

O último número do JL dedica o seu dossier à edição de Tratado sobre a Tolerância, de Voltaire, recentemente editado pela Relógio D’Água.

O dossier integra textos de Diogo Pires Aurélio, que considera que, «tal como há 250 anos, a ideia de tolerância continua a ser o último recurso para uma coexistência pacífica, tanto dos cidadãos como das comunidades com que eles se identificam».

José Gil afirma: «Uma democracia intolerante é uma contradição nos termos. Ora, só se exerce a tolerância relativamente a um poder – que abdica de parte de si próprio para o partilhar. A tolerância não seria, no entanto, apenas uma “cedência”, mas o reconhecimento do direito do tolerado ao poder, desenvolvendo-se na direção da igualdade: tal religião (digamos, de Estado) admite a prática de outras religiões, com os mesmos direitos, no seu território. A tolerância visa – assimptoticamente – a igualdade, quer dizer, o seu próprio desapareciemnto enquanto poder de tolerar. Como pensar a concretização exequível de um tal processo? Será necessário acrescentar ao princípio de tolerância enunciado um outro princípio pragmático: o exercício da tolerância deve comportar uma margem de indeterminação, isto é, de tolerância de ambas as partes, do lado do tolerante e do lado do tolerado.»

João Maria André diz que a tolerância se baseia «no reconhecimento humano de que os seres humanos não são perfeitos, são limitados».

Finalmente, Alessandra Silveira, directora do CEDU da Universidade do Minho, situa a obra, considerando que «a tolerância, no contexto descrito por Voltaire, corresponderia a um estado “pré-jurídico” de aceitação e reconhecimento do outro”». [JL, 29-04-2015]

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