«A Senda Estreita para o
Norte Profundo é
um relato de barbárie. No início dos anos 1940, durante a Segunda Guerra
Mundial, o Japão começou a construir uma via-férrea entre o Sião e a Birmânia,
ou seja, entre os países hoje conhecidos por Tailândia e Myanmar. É então que
Dorrigo Evans, jovem cirurgião australiano, se torna o prisioneiro n.º 335 do
campo que forneceu duzentos mil homens, um terço dos quais ocidentais, para
trabalharem como escravos na Ferrovia da Morte. Flanagan descreve o horror
(vivissecção de prisioneiros, por exemplo) sem piruetas semânticas, numa
escrita limpa de enxúndia. A primeira frase dá o tom: «Porque é que no começo das coisas há sempre luz?» Isento de auto-complacência, o romance ficciona a vida do
pai: infância, aventuras amorosas, paixão, casamento, adultério, a guerra,
escravo dos japoneses, a Linha («desmontada e vendida à peça» no fim do conflito), o Japão submerso em poeira
radioactiva, os americanos, libertação e regresso à Tasmânia. Uma epopeia
admirável.» [Eduardo Pitta, no blogue Da Literatura, a propósito
da crítica a A Senda Estreita para o Norte Profundo, de Richard
Flanagan, na revista Sábado, 23/4/15]
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