16.9.24

Daniel Innerarity no ciclo “O nosso futuro ainda humano”

O filósofo e ensaísta Daniel Innerarity é o convidado da próxima sessão do ciclo “O nosso futuro ainda humano”, com curadoria de Carlos Pimenta, que tem lugar no São Luiz Teatro Municipal, dia 17 de Setembro, às 18:00.

Daniel Innerarity apresentará o tema “Democracia e Inteligência Artificial”.

Chega em breve às livrarias “A Liberdade Democrática”, livro de ensaios em que Daniel Innerarity analisa as novas paisagens ideológicas e oferece uma série de pistas para entender o comportamento dos atores políticos e sociais, com tradução de Miguel Serras Pereira. Mais informação em https://www.relogiodagua.pt/produto/a-liberdade-democratica/

Sobre Refúgio no Tempo, de Gueorgui Gospodinov

 O enigmático Gaustine, que o narrador conheceu num seminário de literatura à beira-mar, inaugura uma clínica para doentes de Alzheimer.

De modo deliberado, as diferentes divisões reproduzem as várias décadas do século xx, do mobiliário aos pormenores, o que permite aos pacientes regressarem ao cenário dos seus anos de plenitude. Em breve, um número crescente de cidadãos procura inscrever-se na clínica para escapar ao beco sem saída em que se converteram as suas vidas na actualidade.

A ideia espalha-se por toda a União Europeia. E então o passado invade o presente, conferindo à narrativa uma dimensão de premonição e distopia.


“Uma monografia literária que possui o mais delicado dos dons: o sentido do tempo, da passagem do tempo. Poucas vezes chegam às nossas mãos livros tão loucos e maravilhosos como este.” [Olga Tokarczuk, Prémio Nobel da Literatura]


“Uma viagem pelo tempo e pela memória, uma meditação maravilhosamente escrita e inventiva sobre o que o passado significa para nós, se podemos recapturá-lo e sobre como ele define o nosso presente. Este é o romance perfeito para estes tempos isolados e atemporais.” [Alberto Manguel]


“Um romance poderoso e brilhante: perspicaz, premonitório, enigmático...” [Sandro Veronesi]


“Gospodinov é um dos mais fascinantes e insubstituíveis romancistas da Europa, e este é o seu livro mais expansivo, profundo e desconcertante.” [Dave Eggers]


“Em igual medida lúdico e profundo.” [Claire Messud]


Refúgio no Tempo e Física da Tristeza (tradução do búlgaro de Monika Boneva e Paulo Tiago Jerónimo) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/gueorgui-gospodinov/


Sobre Drácula, de Bram Stoker

 A mais famosa história de vampiros foi publicada pela primeira vez em 1897 e, desde então, nunca mais deixou de assombrar gerações de leitores rendidas aos diabólicos encantos do conde Drácula, uma das personagens mais inesgotáveis do imaginário literário e cinematográfico.

A atmosfera que rodeia o castelo desta figura misteriosa na Transilvânia transtorna o jovem advogado Jonathan Harker, que chega àquela região dos Cárpatos para dar apoio numa transação relativa à aquisição de uma casa em Londres, para onde o conde pretende mudar-se. Depressa testemunha estranhos acontecimentos que o levam a suspeitar que o conde não é humano e a temer pela própria vida.

São também intrigantes os preparativos do conde para a mudança, que envolvem o transporte de várias caixas cheias de terra da sua região natal.

Pouco depois, em Inglaterra, Lucy Westenra, amiga da noiva de Jonathan Harker, é acometida por uma estranha doença que parece deixá-la exangue.

Sentindo-se incapaz de a tratar sozinho, o médico chama o doutor Van Helsing, seu antigo professor. É este holandês que vai descobrir a causa da doença de Lucy e liderar o pequeno grupo de amigos que irá perseguir Drácula e tentar travar os seus planos.


Drácula, de Bram Stoker (trad. Ana Falcão Bastos e Cláudia Brito), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/dracula/

Sobre Hamnet, de Maggie O'Farrell

 Hamnet é um romance sobre o filho de Shakespeare. Mas esse é apenas o ponto de partida para Maggie O’Farrell construir uma obra actual, que interroga a origem da dor e envereda por caminhos menos conhecidos do amor e da maternidade.

Numa narrativa que mistura realidade e ficção, a autora irlandesa cria uma das mais importantes obras literárias deste início do século XXI, vencedora do Women’s Prize for Fiction 2020.


«Um romance histórico excepcional.» [The New Yorker]


«A história de Hamnet aguardou mais de quatrocentos anos nas sombras. O’Farrell trá-la finalmente à luz, de forma deslumbrante e devastadora.» [Kamila Shamsie]


«Um livro maravilhoso.» [David Mitchell] 


«O que poderia ser mais comum, através dos séculos e continentes, do que a morte de um rapaz? Ainda assim, O’Farrell, com frases perfeitas e coração irrequieto, torna-a um acontecimento.» [Emma Donoghue]


«Esplêndido. A escrita é requintada, imersiva e convincente.» [Marian Keyes]


Hamnet (tradução de Margarida Periquito) e O Retrato de Casamento (tradução de Inês Dias), publicados com o apoio da @literatureireland , estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/maggie-ofarrell/

Sobre Para o Casamento, de John Berger

 Este é um romance simultaneamente trágico e feliz, inteligente e erótico. Em Para o Casamento, um vendedor ambulante cego conta a história do casamento entre um vendedor e a sua noiva através de uma série de intensos e reveladores episódios. À medida que o livro avança, de forma cinematográfica, da perspectiva de uma personagem para a de outra, os acontecimentos evoluem para o momento do casamento — e de uma dança assombrada de amor e morte.


«Para o Casamento é uma das maiores e mais honestas histórias de amor do nosso tempo. Faz o que a grande literatura faz — ganhamos vida em outros corpos e histórias; em geografias que não as nossas. Vivemos uma nova vida através de um acto de imaginação. Se alguma vez precisar de mudar de casa, não porei este romance numa caixa. Ao invés, levá-lo-ei comigo, no bolso do casaco, para qualquer lado que vá.» [Colum McCann]


«Ninguém entende melhor a necessidade do amor do que John Berger. Do que o amor nos torna capazes e incapazes de fazer. Este é um livro de enorme humanidade.» [Anne Michaels]


«Onde quer que viva, sei que terei este livro comigo.» [Michael Ondaatje]


«Uma obra-prima que fica com quem a lê.»[Sunday Telegraph]


Para o Casamento (trad. Luísa Feijó) e Confabulações (trad. Maria Eduarda Cardoso) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/john-berger/

Sobre O Vestido de Noiva, de Filipa Leal

 «Um pequeno livro cheio de vida lá dentro: a reincidência da poeta Filipa Leal, na prosa, com “O Vestido de Noiva”. 

Dez anos depois do seu primeiro conto publicado, “Lua- Polaroide”, e já com uma extensa e muito consistente presença na poesia portuguesa, surge um pequeno livro azul-celeste na obra de Filipa Leal, publicado na colecção Contos Singulares (Relógio D’Água). E no entanto o seu interior, o conto, neste regresso à prosa, não é nada celestial. Mas também não é diabólico. É mundano, sim. Trata daquilo que é igual em todos nós, dos nossos lugares reconhecíveis, espaços sentimentais onde frequentemente nos encontramos.» [Ana Margarida de Carvalho, JL, 15/5/2024]


O Vestido de Noiva, de Filipa Leal, está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/o-vestido-de-noiva/

15.9.24

Sobre Rodeado de Ilha, de João Miguel Fernandes Jorge

 «Pergunto‑me porque me converti deste modo aos Açores. O meu gosto por ilhas. Desde sempre a visão das Berlengas e o Baleal. Uma vez, um amigo escreveu‑me uma carta em que me dizia «tens que conhecer os Açores». Nos dias que se seguiram a essa carta vi, no Museu de Arte Antiga, uma tela de Crivelli. Foi no inverno de 80. A «Virgem e Menino com Santos e Doador» só muito lateralmente tinha que ver com os Açores: a pintura pertencia a alguém de S. Miguel. Ignoro o seu nome. De resto, como pude comprovar nas ilhas, as suas gentes são um acumular de castas, de extractos que entre si não comunicam ou, se o fazem, os seus elos são imperceptíveis a um continental, que é sempre um estrangeiro, um pequeno inimigo que inscreve o uso dos verbos perder, vencer, gozar, sofrer — viver e morrer — a uma outra latitude. É um facto que me seria fácil saber, junto do museu, o nome do proprietário do Crivelli. Nunca o fiz. E quis a sorte que a minha chave na ilha (um seu natural) pertence, ou circulasse, num plano não coincidente desses vasos incomunicantes onde repousam as gentes da ilha.» [p. 206]


Rodeado De Ilha reúne textos ensaísticos e ficcionais de João Miguel Fernandes Jorge e inclui também apontamentos diarísticos e de viagem.

Muitos dos seus temas preferidos, como a arte ou os espaços electivos como os Açores e a Madeira, estão também presentes.


Rodeado De Ilha e outras obras de João Miguel Fernandes Jorge estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/produto/rodeado-de-ilha/

Sobre A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson

 A Ilha do Tesouro é um dos livros de viagens e mistérios em que a aventura começa na primeira frase.

«O fidalgo Sr. Trelawney, o Dr. Livesey e os outros cavalheiros pediram-me que registasse, preto no branco, todos os pormenores a respeito da Ilha do Tesouro, tudo de cabo a rabo, omitindo, porém, os elementos relativos à situação geográfica da ilha, porque permanece lá, ainda, uma parte do tesouro que ficou por desenterrar.»

E para muitos autores esta obra de Stevenson continua a ser a grande referência. 


«A história mais bem contada que conheço.» [Álvaro Mutis]


«Sou da geração que ele fez sonhar e penso que Corto Maltese se dirige aos que leram Stevenson.» [Hugo Pratt]


A Ilha do Tesouro (trad. Alexandre Pinheiro Torres) e outras obras de Robert Louis Stevenson estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/robert-louis-stevenson/

Sobre A Ilha de Sukkwan, de David Vann

 Uma ilha deserta no sul do Alasca, a que só se consegue chegar de barco ou de hidroavião, repleta de florestas e montanhas escarpadas. Este é o cenário que Jim escolhe para desenvolver em novas bases a relação com o filho Roy, de 13 anos, que mal conhece. 

Doze meses numa cabana isolada do resto do mundo, colaborando para enfrentar uma natureza rude. Parece uma boa oportunidade para recuperar o tempo perdido. Mas as difíceis condições de sobrevivência e a tensão emocional a que se veem sujeitos rapidamente transformam esta estada num pesadelo asfixiante, tornando a situação incontrolável.

A Ilha de Sukkwan é uma história de um suspense avassalador. Com esta narrativa, que nos leva às profundezas da alma humana, David Vann afirmou-se como um dos escritores norte-americanos de primeiro plano.


“Brilhante… Vann segue a prosa vigorosa de Cormac McCarthy e de Hemingway, mas possui uma agilidade muito própria.” [The Times]


A Ilha de Sukkwan e Aquário (trad. José Lima) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/david-vann/

14.9.24

Sobre Uma Vida de Aldeia, de Louise Glück

 «Situado numa aldeia algures no oeste do Mediterrâneo em algum momento dos últimos cinquenta anos, a décima primeira colecção de poemas de Louise Glück está cheia de monólogos e narrativas amplos e cuidadosamente equilibrados. […]

O que distingue Uma Vida de Aldeia é a leveza do toque, uma variação intuitiva, insistente, entre pessimismo e prazer, inextricavelmente ligados entre si.» [Charles Bainbridge, The Guardian]


Uma Vida de Aldeia (tradução de Frederico Pedreira) e outras obras de Louise Glück estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/louise-gluck/

Sobre Vinte e Quatro Horas da Vida de Uma Mulher, de Stefan Zweig

 Numa respeitável pensão familiar na Côte d’Azur, no início do século xx, ocorre um escândalo. Madame Henriette, esposa de um dos hóspedes, foge com um jovem que ali passara apenas um dia.

Todos se unem na condenação da imoralidade de Madame Henriette. Só o narrador, com a ajuda de uma idosa dama inglesa, procura compreender o que se passou. Será ela a explicar-lhe, numa longa conversa, as apaixonadas recordações que este episódio lhe suscitou.


Vinte e Quatro Horas da Vida de Uma Mulher (tradução de Gilda Lopes Encarnação) e outras obras de Stefan Zweig estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/stefan-zweig/

Sobre Vida Nova, de Dante

 «Dante escreve Vita Nuova, provavelmente, entre 1291 e 1295, por volta dos vinte e oito anos, num tempo histórico de grandes mutações sociais e espirituais, e no seio de uma Florença onde os intelectuais de procedência laica e burguesa aspiravam substituir o controle da Igreja sobre a produção científica e a criação artística, após o modelo estatal que o imperador Frederico II experimentara, em conflito com o Papado, no sul de Itália, até à sua morte, em 1250. (…)

Vita Nuova é a narrativa de uma experiência humana indissociável de uma experiência estilística: se o amor de Beatriz dinamiza todo o percurso performativo de acção e reflexão do sujeito, simultaneamente, no desenvolvimento da personalidade, no aperfeiçoamento moral e espiritual, é a sua morte que provoca a necessidade da narrativa que ordena a existência passada dele e o consciencializa da exigência de renovar o modo da criação poética para que a sua poesia se abra à transcendência.» [Da Introdução]


Vida Nova (edição bilingue, tradução de Jorge Vaz de Carvalho) está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/vida-nova/

13.9.24

Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Casal Feliz, de Naoise Dolan

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Casal Feliz, de Naoise Dolan (tradução de José Miguel Silva)


À medida que o casamento se aproxima e cinco vidas se cruzam, cada uma delas se verá à procura de um caminho para ser feliz para sempre.


Da autora de Tempos Emocionantes, este é um romance brilhante sobre amor e casamento, fidelidade e traição, que é ao mesmo tempo ferozmente inteligente e extremamente agradável.


«Um brilhante romance contemporâneo.» [Colm Tóibín]


«Irónico, perspicaz e sábio.» [Marian Keyes]


«Estou absolutamente impressionado com o talento de Dolan.» [Douglas Stuart]


«Maravilhoso.» [Pandora Sykes]


O Casal Feliz (tradução de José Miguel Silva) e Tempos Emocionantes (tradução de Carla Morais Pires) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/produto/o-casal-feliz/

Sobre O Rapaz Que Seguiu Ripley, de Patricia Highsmith

 «E se o rapaz que conhecera na noite anterior fosse Frank Pierson? Dezasseis anos. Parecia tê-los, mais do que os dezanove que lhe dissera. Do Maine, não de Nova Iorque. Quando o velho Pierson morrera não tinha aparecido um retrato da família toda no IHT? Pelo menos aparecera um retrato do pai, cujo rosto Tom não conseguia recordar. Ou teria sido no Sunday Times? Mas do rapaz de há três dias lembrava-se melhor do que era costume lembrar-se das pessoas. A expressão do rapaz era bastante meditativa e séria; não sorria facilmente. Boca firme, sobrancelhas escuras, retilíneas. E o sinal na face direita, demasiado pequeno para aparecer numa fotografia de tamanho médio, talvez, mas um sinal. O rapaz não fora apenas delicado; fora cauteloso.»


Um jovem americano com quem Tom se relaciona por acaso poderá ser o herdeiro de uma fortuna. De quem foge ele afinal? Que razões o levam a ocultar tão desesperadamente o seu segredo? Que perigos esperam Tom se o ajudar?

Este é o enigma do quarto romance da série Ripley. 


O Rapaz Que Seguiu Ripley (trad. Carolina de Oliveira) e outras obras de Patricia Highsmith estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/patricia-highsmith/

Dionysos, uma criação de Pedro Ramos, com texto de Hélia Correia, na Floresta de Monsanto


Até dia 27 de Setembro, é possível assistir a Dionysos, com direção artística, coreografia, e dispositivo cénico de Pedro Ramos, com texto original de Hélia Correia e inclusão de textos de Pedro Ramos, de excertos de “As Bacantes” de Eurípedes e contributos dos intérpretes.

O espectáculo tem interpretação de Jorge Cunha Machado, Sara Belo, Vitor Alves da Silva, Mara Morgado e Pedro Ramos, e pode ser visto na Floresta de Monsanto, em Lisboa, junto ao Centro de Interpretação de Monsanto (CIM).

Mais informação aqui: https://www.ordemdoo.com/obras/dionysios/


Acidentes, Certas Raízes e outras obras de Hélia Correia estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/helia-correia/

Estreia da última temporada de A Amiga Genial


Estreou-se no passado dia 10 de Setembro a última temporada de A Amiga Genial, que adapta História da Menina Perdida, o quatro volume da tetralogia de Elena Ferrante. Mais informação aqui: https://observador.pt/2024/09/10/a-amiga-genial-o-ultimo-regresso-de-lila-e-lenu/


Deixando o marido em Florença, Elena volta a Nápoles para viver com Nino Sarratore, esperando que este se separe da mulher. É agora uma escritora reconhecida e procura escapar ao ambiente conflituoso do bairro onde cresceu e a sua família continua a viver. Evita encontrar Lila, que entretanto saiu da fábrica onde trabalhava, para se tornar empresária. Mas as duas amigas de infância não conseguem manter-se distantes e acabam mesmo por engravidar ao mesmo tempo, o que lhes permite reencontrar a passada cumplicidade.

As suas filhas vão crescer juntas num bairro onde as relações amorosas e familiares são condicionadas pela lei do mais forte e onde, refletindo as transformações iniciados nos anos 80, o tráfico de droga se instala e os confrontos políticos se sucedem.

É então que de súbito uma das crianças desaparece, alterando de modo irreversível o relacionamento de Elena e Lila.


História da Menina Perdida (trad. Margarida Periquito) e outras obras de Elena Ferrante estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/elena-ferrante/

Sobre Os Ensaios, de George Orwell

 «Orwell combateu as formas dominantes da mentira política contemporânea: a propaganda, da qual nunca nos libertámos, e a novilíngua, a que hoje sucumbimos. Por isso, o maior dos seus ensaios talvez seja “A Política e a Língua Inglesa” (1946). A intuição de que a decadência da linguagem e a decadência da política estão ligadas uma à outra é fácil de acompanhar; difícil era demonstrar, exemplificando, o que estava errado na política daquele tempo, em particular a política da esquerda daquele tempo, trazendo à luz as frases feitas, a sintaxe tortuosa, as metáforas mortas, os eufemismos desonestos. Consciente de que a maleabilidade da língua inglesa a predispõe para o sofisticado e o quotidiano, para a poesia e as manchetes de jornal, Orwell defendeu uma linguagem, quer dizer, uma política, de concisão e clareza, de palavras concretas e comuns. Ao contrário do que diziam os detractores, ele não “fazia o jogo” do inimigo: a linguagem de alguns amigos é que era o seu inimigo.» [Do Prefácio de Pedro Mexia]


Os Ensaios (trad. José Miguel Silva e Frederico Pedreira) e outras obras de George Orwell estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/george-orwell/

Sobre Ensaios Escolhidos, de T. S. Eliot

 Este livro reúne alguns dos mais importantes textos de ensaio e crítica literária escritos por Eliot entre 1917 e 1962. Entre eles incluem-se «Reflexões sobre o Verso Livre», «Hamlet», «Os Poetas Metafísicos», «Os Pensamentos de Pascal», «Os Três Sentidos de “Cultura”», «O Que É Um Clássico?», «Poesia e Drama», «Literatura Americana e a Língua Americana» e «A Literatura da Política».


«Ocupa o seu lugar na sucessão directa de poetas-críticos que incluem Sidney, Ben Jonson, Dryden, Samuel Johnson, Coleridge e Arnold.» [F. O. Matthiesen]


«Foi o mais talentoso e mais influente crítico literário em Inglaterra no século XX.» [Hugh Kenner]


Ensaios Escolhidos (trad. Maria Adelaide Ramos) e outras obras de T. S. Eliot estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/t-s-eliot/

Sobre Ensaios — Antologia, de Montaigne

 «No capítulo XVII do Livro II dos Ensaios, «Da Presunção», Montaigne diz o seguinte: “Mas as almas belas são as almas universais, abertas e preparadas para tudo, se não instruídas, pelo menos, instruíveis: o que digo para acusar a minha; porquanto, seja por fraqueza seja por negligência (e o negligenciar o que está aos nossos pés, o que temos entre mãos, o que de mais perto concerne a prática da vida, é coisa bem longínqua do que tenho por bom), nenhuma há como a minha tão inepta e tão ignorante de muitas coisas vulgares e que não se podem ignorar sem vergonha.” Este trecho, com o seu movimento sinuoso e paradoxal, ilustra bem o estilo de Montaigne e o modo como ele frequentes vezes entrecruza o que exprime acerca de si mesmo com juízos de alcance ético e antropológico. O ideal que aqui enuncia, de uma alma caracterizada essencialmente pela pura disponibilidade, pela abertura plena à apreensão do real, e por um insaciável desejo de saber concomitante de uma atitude de humildade e suspeita perante o mesmo saber, embora, em tom autodepreciativo (o qual, de resto, não pode deixar de ser visto como uma inscrição a contrario na crítica da presunção e da filáucia levada por si a cabo neste capítulo), declare não o atingir, corresponde de alguma forma ao que — tendo em vista a sua obra, o itinerário da sua vida e o que nelas se revela — ele incarnou, coisa que, aliás, não é de espantar a respeito de quem, ao longo de toda a existência, sempre aplicou “todos os esforços a formar a [sua] vida”, fazendo disso o seu “ofício e trabalho” (II, 37, 784a).» [Da Introdução]


Ensaios — Antologia, de Montaigne, com prefácio e tradução de Rui Bertrand Romão, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/ensaios-antologia-2/

12.9.24

Sobre A Morte Eterna, de Liu Cixin

 Meio século após a Batalha do Juízo Final, o equilíbrio precário da dissuasão da floresta sombria mantém os invasores trisolarianos à distância, e a Terra desfruta de uma prosperidade sem precedentes devido à absorção de conhecimento deste povo. Com os avanços científicos dos seres humanos, e com os trisolarianos a adoptarem a cultura da Terra, parece que as duas civilizações serão em breve capazes de coexistir pacificamente sem a terrível ameaça de aniquilação mútua.

Mas a paz também tornou a humanidade complacente consigo mesma. Cheng Xin, uma engenheira aeroespacial do início do século XXI, desperta da hibernação nesta nova era, e traz consigo o conhecimento de um programa há muito esquecido datado do início da crise trisolariana. A sua presença pode perturbar o equilíbrio delicado entre dois mundos. Irá a humanidade alcançar as estrelas ou vai perecer no seu berço?


“Um livro altamente inovador… uma mistura única de especulação científica e filosófica.” [George R. R. Martin, sobre o primeiro volume da trilogia, O Problema dos Três Corpos]


A Guerra dos Mundos do século XXI.” [The Wall Street Journal, sobre o primeiro volume da trilogia, O Problema dos Três Corpos]


“Extraordinário.” [The New Yorker, sobre o primeiro volume da trilogia, O Problema dos Três Corpos]


O Problema dos Três Corpos (tradução de Telma Carvalho), A Floresta Sombria e A Morte Eterna (traduções de Eugénio Graf) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/liu-cixin/

Sobre O Caminho da Cidade, de Natalia Ginzburg

 O Caminho da Cidade foi o primeiro romance escrito por Natalia Ginzburg e tem já o tom inconfundível que vai caracterizar a sua obra posterior.

Foi publicado em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, sob o pseudónimo de Alessandra Tornimparte.


«A voz da romancista e ensaísta italiana Natalia Ginzburg chega-nos com uma claridade absoluta atravessando os véus do tempo e da linguagem.» [Rachel Cusk]


«Estou completamente encantada com o estilo de Ginzburg.» [Maggie Nelson]


«O seu estilo de prosa é enganadoramente simples e muito complexo. Tem no leitor um efeito ao mesmo tempo tranquilizador e emocionante, o que não é fácil de fazer.» [Deborah Levy]


O Caminho da Cidade (tradução de Anna Alba Caruso) e outras obras de Natalia Ginzburg estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/natalia-ginzburg/

Sobre Duna — O Romance Gráfico: Livro 2

 Em Duna — O Romance Gráfico: Livro 2: Muad’Dib, o segundo de três volumes que adaptam o clássico de 1965 de FRANK HERBERT, Duna, o jovem Paul Atreides e a mãe, a Dama Jessica, encontram-se abandonados no deserto profundo de Arrakis. Traídos pelo próprio médico, o desleal Dr. Yueh, e destruídos pelo seu maior inimigo, os Harkonnen, Paul e Jessica devem encontrar os misteriosos Fremen ou perecer. À medida que continuam a desvendar os segredos bem guardados do planeta, enfrentam escolhas que alterarão os seus destinos — e as suas próprias vidas — para sempre.

Esta fiel adaptação de BRIAN HERBERT — filho de FRANK HERBERT — e de KEVIN J. ANDERSON continua a explorar a jornada de Paul, de menino a messias, e a equipa artística composta por RAÚL ALLÉN e PATRICIA MARTÍN demonstra uma vez mais a sua mestria a ilustrar o universo de Duna.


Duna — O Romance Gráfico: Livro 2 — Muad’Dib, adaptado por Brian Herbert e Kevin J. Anderson; ilustrado por Raúl Allén e Patricia Martín (trad. Jorge Candeias) e outras obras de Frank Herbert estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/frank-herbert/

Sobre Sistemas em Estado Crítico, de Martha Wells

Em Sistemas em Estado Crítico, um androide assassino descobre-se a si mesmo, e Martha Wells recorre à sua história para interrogar as raízes da consciência através da inteligência artificial.

Num futuro dominado por corporações e viagens espaciais, as missões planetárias têm de ser aprovadas pela empresa, e as equipas são acompanhadas por androides de segurança fornecidos pela mesma. Mas os contratos são atribuídos ao licitante que fica mais barato, e por isso a segurança não pode ser considerada uma preocupação essencial.

Em simultâneo, num planeta distante, uma equipa de cientistas realiza testes num androide fornecido pela empresa, uma UniSegur autoconsciente que pirateou o próprio módulo de controlo e que se refere a si mesma como Assassiborgue. Revelando profundo desprezo pelos humanos, tudo o que realmente quer é estar em paz tempo suficiente para descobrir quem é. Mas quando uma missão vizinha corre mal, cabe aos cientistas e ao seu assassiborgue descobrir a verdade.


Vencedor dos prémios Hugo, Nebula, Alex e Locus.


Brevemente uma série de televisão Apple TV+.


«Todos nós somos um pouco assassiborgues.» [NPR]


Sistemas em Estado Crítico, de Martha Wells (tradução de José Miguel Silva), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/sistemas-em-estado-critico/ 

Sobre O Doente Inglês, de Michael Ondaatje

 No final da Segunda Guerra Mundial, numa villa italiana transformada em hospital de campanha, um irreconhecível aviador inglês, com o corpo queimado, absorve as atenções de Hana, uma jovem enfermeira a quem a guerra arrebatou a família e os sonhos.

As suas companhias são Caravaggio, um ladrão e aventureiro italo-canadiano de mãos estropiadas, e um jovem sikh ao serviço do exército britânico e cujo trabalho é a desminagem.

É uma atmosfera fora do mundo, onde cada um vai revelando pouco a pouco os seus segredos, à medida que os ecos da guerra se esbatem na distância.

Mas o mais misterioso é aquele homem queimado, ligado à enfermeira por um estranho vínculo, e que é ao mesmo tempo um enigma e uma provocação para os que o rodeiam. As suas recordações de traição, dor e salvação iluminam a narrativa como estilhaços de luz.


«O Doente Inglês consegue uma tripla proeza: é profundo, belo e apaixonante.» [Toni Morrison]


«Mais do que um romance, é um tapete mágico que nos transporta através de épocas e geografias […] uma cativante rede de sonhos extraordinários.» [Time]


Este livro obteve o Man Booker Prize em 1992 e o Golden Man Booker em 2018.


O Doente Inglês (tradução revista de Ana Luísa Faria) e outras obras de Michael Ondaatje estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/michael-ondaatje/

Sobre Os Fidalgos da Casa Mourisca, de Júlio Dinis

 Os Fidalgos da Casa Mourisca foi o último romance escrito por Júlio Dinis, tendo sido publicado em 1871, já depois da sua morte.

Narra a vida de uma família nobre de Vilar de Corvos atingida por diversas tragédias.

Na Casa Mourisca, vivem agora apenas o velho fidalgo D. Luís, abalado pela morte da mulher e da filha mais nova, e os filhos Jorge e Maurício. S o estes que tentam reverter a decadência familiar, devolvendo prestígio à casa e trazendo prosperidade às suas terras.

O drama surge na relação amorosa entre Jorge e Berta da Póvoa, filha do antigo caseiro de D. Luís, que regressa à povoação depois de ter sido educada na cidade.


«À maneira daqueles povoados, que ele mesmo desenha, escondidos nos vales sob o ramalhar dos castanheiros, os seus livros ser o procurados como lugares repousados, de largos ares, onde os nervos se v o equilibrar e se vai pacificar a paixão e o seu tormento.» [Eça de Queirós]


«[…] qualquer leitor, entrando, inocente, em contacto com o Autor de Os Fidalgos da Casa Mourisca, notará ser a sua escrita tributária de dois tipos de sensibilidade: a romântica e a realista.» [Maria Lúcia Lepecki]


«A obra de Júlio Dinis abre um espaço único no panorama literário do romance português oitocentista.» [Helena Buescu]


Os Fidalgos da Casa Mourisca, de Júlio Dinis, está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/os-fidalgos-da-casa-mourisca/

11.9.24

Sobre Austerlitz, de W. G. Sebald

 Austerlitz, publicado em Fevereiro de 2001, foi o último romance escrito por W. G. Sebald, sendo considerado a sua obra principal.

O protagonista é um refugiado judeu e historiador da arquitectura cujos pais morreram no Holocausto, tendo sido adoptado ainda criança por um casal católico inglês e só descobrindo a sua identidade judaica na idade adulta.

Como escreve António Sousa Ribeiro no prefácio, o livro “toma como título o nome da personagem principal, cuja voz, que domina toda a narrativa, vai progressivamente reconstruindo a sua própria história, em fragmentos concêntricos que se vão adensando ao longo da narrativa”.


Austerlitz, de W. G. Sebald (tradução do alemão e prefácio de António Sousa Ribeiro), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/austerlitz/

Sobre Eichmann em Jerusalém, de Hannah Arendt

 No dia 11 de Maio de 1960, agentes da Mossad capturaram Adolf Eichmann nos arredores de Buenos Aires, quando, no final de um dia de trabalho, regressava a casa.

Quem era este homem que levava então uma vida vulgar, mas que se podia vangloriar da morte de milhões de seres humanos?

É o que podemos ver em Eichmann em Jerusalém através do olhar de Hannah Arendt, que assistiu ao julgamento iniciado a 11 de Abril de 1961 em Israel.

O processo durou cerca de quatro meses. Hannah Arendt tinha oferecido os seus serviços à The New Yorker, e, para ela, como judia que tivera de fugir da Alemanha com a ascensão de Hitler ao poder, foi um meio de ajustar contas com o passado. Presenciar o julgamento de Eichmann não foi tanto uma oportunidade de compreender os meandros da alma humana e de indagar a psicologia de um dirigente nazi, mas de lançar um olhar crítico à natureza do regime nacional-socialista.

Arendt assistiu apenas a uma parte do julgamento. Mas os cinco artigos que escreveu para a The New Yorker e seriam publicados em livro suscitaram uma enorme polémica sobre o seu conceito de “banalidade do mal”.


Eichmann em Jerusalém — Uma Reportagem sobre a Banalidade do Mal (tradução de Ana Corrêa da Silva, com Introdução de António Araújo e Miguel Nogueira de Brito) e outras obras de Hannah Arendt estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/hannah-arendt/

Sobre H. G. Cancela

 «Ao aceitarmos o pacto com o narrador dos seus romances, despimo-nos como se fosse a primeira vez que o fazemos, sem nunca deixarmos de ser espectadores de um drama. Pois, não obstante a nossa nudez e a nossa disponibilidade, o mundo de Cancela é sempre uma encenação que desafia o equilíbrio entre o que é verosímil e o que não é, entre a fragilidade da superfície da pele e a violência exposta como um martírio.» [Álvaro Curia/ Ludgero Cardoso, wookacontece, 5/7/2024: https://www.wook.pt/wookacontece/novidades/noticia/ver/h-g-cancela/?id=245586&langid=1]


Nostos e outras obras de H. G. Cancela publicadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/h-g-cancela/

Sobre Vidas Bissextas, de Amadeu Lopes Sabino

 Entre a ficção do real e a realidade da ficção, este livro relata as peripécias terrenas de membros de uma confraria secreta que recusa aplicar à vida dos homens as regras astronómicas que corrigem a discrepância entre o ano de calendário e o tempo de translação da Terra em volta do Sol. São bissextos porque só aceitam a irregularidade da sucessão das eras.

Entre Aurélio de Lemos, melómano erudito e desertor contumaz, e Maria Sabina de Albuquerque, diseuse de poesia que cala uma paixão secreta pelo marido suicida de Cecília Meireles, não há convergências, mas há pontos de interseção.

Fernando Ribeiro de Mello, editor falido, tentado por visões dignas de Santo Antão, acusado por Natália Correia dos desastres das vendas da poetisa, dialoga no Além com Wilhelm Furtwängler, maestro admirável, genial, extravagante e talvez indigno porque regeu a Berliner Philharmoniker até à morte de Hitler.

Luís Miguel Nava, que, qual D. Sebastião, quis apossar-se de Marrocos, e o Mariano que procura em Madrid o futuro do passado partilham, sem o saber, a mesma busca da fusão da memória e do desejo capaz de proteger o homem da insignificância.

Teófilo, amador de arte, jornalista (acabaria monge budista), não entrevistou, como pretendia, Mark Rothko, mas conseguiu que Pierre Soulages descobrisse, numa noite passada em Monserrate nos braços de uma jovem camponesa de Sintra, o negro de Monserrate, o outre noir, o além-negro.


Vidas Bissextas e outras obras de Amadeu Lopes Sabino estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/amadeu-lopes-sabino/

Sobre Vidas Escritas, de Javier Marías

 Javier Marías apresenta-nos vinte e seis breves retratos de grandes escritores, que são um convite à leitura das suas obras.

Entre os escolhidos estão William Faulkner, Joseph Conrad, Isak Dinesen, James Joyce, Robert Louis Stevenson, Arthur Conan Doyle, Oscar Wilde, Ivan Turgueniev, Thomas Mann, Giuseppe Tomasi di Lampedusa, Rainer Maria Rilke, Vladimir Nabokov, Madame du Deffand, Rimbaud, Henry James e Laurence Sterne.

Todos eles são tratados por Marías com admiração, afecto, ironia e distanciamento.

O volume é completado com retratos de «seis mulheres fugitivas».


«É difícil contermo-nos perante o encanto destes breves retratos, estranhos e astutamente irónicos. Um livro encantador.» [Michael Dirda, The Washington Post]


«Ao ler estes textos, cai-se insólita e inesperadamente numa sensação de êxtase.» [The Washington Times]


«Marías é um escritor demasiado hábil para se lançar em qualquer coisa como uma entediante teoria da biografia. […] Para Marías, os grandes escritores não são enigmas por resolver, mas paradoxos para saborear.» [Christopher Benfey, The New York Times Book Review]


«Tenho o pressentimento de que Vidas Escritas, de Javier Marías, será considerado um texto de referência na história da biografia.» [Carl Rollyson, The New York Sun]


Vidas Escritas (trad. Salvato Teles de Menezes e Francisco Vale) e outras obras de Javier Marías estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/produto/vidas-escritas/

10.9.24

De Como numa História de William Irish, de Ana Teresa Pereira

 “— Elyse — disse Tom. 

A rapariga teve um pequeno sobressalto. Depois, os seus olhos ficaram muito frios.

— Então era você.

Ele esperou.

— Tinha a impressão de vê-lo de vez em quando, à saída da loja. Ou à saída do cinema.

Tom sorriu.

— A primeira vez foi à saída do teatro.

— Qual era a peça?

— Mary Rose.

— Mas isso foi há umas três semanas. Quer dizer…

— Há três semanas que a sigo. 

Ela bebeu um pouco da bebida esverdeada.

— E não se aproximou…

Tom encolheu os ombros. Não lhe podia dizer que estava à espera de que o cabelo dela crescesse. 

— Tinha muito tempo.

— Porquê eu?

— Porque me lembra alguém.

— Já ouvi isso antes.

— Desta vez é verdade. Você parece-se com a minha mulher.

— Ela morreu? — perguntou a rapariga friamente.

— Não. Mas não vivemos juntos.

— Também já ouvi isso antes.”


Como numa História de William Irish e outras obras de Ana Teresa Pereira estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/ana-teresa-pereira/

Sobre O Segredo da Força Sobre-Humana, de Alison Bechdel

 “Cor? É o primeiro sinal de que algo de novo está a acontecer num livro cheio de floreios familiares, (incluindo) a figura da própria Bechdel, desenhada como uma espécie de cruzamento entre Tintin e Waldo, vibrando de ansiedade, fazendo o possível por fugir de bicicleta, de esquis ou a pé… É um livro que se distingue por uma graça flexível e descontraída, uma ausência de medo que se traduz em simplicidade, disciplina e modéstia.” [The New York Times]


“Surpreendente […], absolutamente absorvente.” [The Atlantic]


Em O Segredo da Força Sobre-Humana, Alison Bechdel oferece-nos uma história fascinante, que vai da infância à idade adulta, atravessando todas as modas do fitness, de Jack LaLanne nos anos 1960 até à estranheza existencial das corridas atuais.

Os leitores veem o seu passado atlético ou semiativo passar-lhes diante dos olhos numa panóplia em constante evolução de ténis de corrida, bicicletas, esquis e diversos outros equipamentos. 

Mas quando Bechdel tenta melhorar-se, esbarra no seu próprio eu. Volta-se para a sabedoria dos filósofos orientais e de figuras literárias, como o escritor beat Jack Kerouac, cuja procura da transcendência ao ar livre surge numa comovente conversa.

A conclusão é que o segredo da força sobre-humana não está nos músculos modelados pelo exercício, mas em algo muito menos claramente definido: enfrentar a sua própria interdependência, não transcendental, mas muito importante, de qualquer coisa que nos rodeia.


O Segredo da Força Sobre-Humana, de Alison Bechdel (tradução de Nuno Batalha), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/o-segredo-da-forca-sobre-humana-pre-venda/


Sobre Patos, de Kate Beaton

 Antes de Kate Beaton, cartoonista de Hark! A Vagrant, existia Katie Beaton dos Beatons de Cabo Bretão, especificamente de Mabou, uma comunidade à beira-mar onde as lagostas são tão abundantes como as praias, os violinos e as canções folclóricas gaélicas. Com o objetivo de pagar os seus empréstimos estudantis, Katie viaja para o Oeste para aproveitar a corrida ao petróleo em Alberta — parte da longa tradição dos habitantes da Costa Leste que procuram um emprego lucrativo noutro lugar quando não o encontram na terra natal que amam. Katie depara-se com a dura realidade da vida nas areias petrolíferas, onde o trauma é ocorrência quotidiana, mas nunca é discutido.

A habilidade natural de Kate Beaton para o desenho torna-se evidente ao retratar maquinaria colossal em cenários sublimes de Alberta, com vida selvagem, auroras e  orestas boreais. A sua primeira narrativa gráfica longa, Patos: Dois Anos nas Areias Petrolíferas, é uma história desconhecida de um país que se orgulha do seu ethos igualitário e da sua beleza natural, enquanto simultaneamente explora tanto as riquezas da sua terra quanto a humanidade do seu povo.


"Uma obra-prima pungente, uma luz brilhante na escuridão." [Patricia Lockwood, autora de Priestdaddy]


"Um livro excecional sobre solidão, trabalho e sobrevivência. Kate Beaton é uma guia atenciosa através de um complexo panorama de classe e género, e estas páginas estão cheias de preocupação e encanto." [Carmen Maria Machado, autora de In the Dream House]


"Em Patos, Beaton não nos conta como o capitalismo extrai e explora os mais diversos produtos. Nem nos mostra como isso acontece. Ela recria a vida nos campos petrolíferos." [Alison Bechdel, autora de O Segredo da Força Sobre-Humana]


"Complexo e inesquecível." [TIME]


"Um livro belo e humano." [The Guardian]


Patos — Dois Anos nas Areias Petrolíferas, de Kate Beaton (tradução de Alda Rodrigues), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/patos-vencedor-de-dois-will-eisner-comic-industry-awards-2023/

Sobre Atlas da IA, de Kate Crawford

 Baseando-se em mais de uma década de investigação, Kate Crawford expõe a IA como tecnologia de exploração, não apenas dos recursos da terra ou dos empregados de baixa qualificação, mas também dos dados de cada ação e expressão, contribuindo para o aumento de desigualdades económicas e sociais. Para tal, Crawford oferece-nos uma perspetiva material e política sobre o que é necessário fazer.

Este é um relato urgente do que está em jogo numa altura em que as empresas de tecnologia recorrem à IA, de forma exponencial, para remodelar o mundo.


Nomeado um dos “Cinco Melhores Livros a Ler sobre a IA” pelo The Wall Street Journal.


“Uma obra-prima.” [Karen Hao, MIT Tech Review]


“Expõe o lado sombrio da IA. [...] Uma investigação meticulosa e uma escrita soberba.” [Nature]


“Uma visão abrangente da IA […]. Uma contribuição oportuna e urgente.” [Science]


“Revela os custos ocultos da IA, desde o consumo de recursos naturais até aos custos mais subtis para a nossa privacidade, igualdade e liberdade.”

[New Scientist, “Melhores Livros do Ano”]


“Uma perspetiva valiosa sobre vários exageros em torno da IA, assim como um manual útil para o futuro.” [Financial Times]


“Este incisivo livro demonstra repetidamente que a inteligência artificial não nos chega como um deus ex machina, mas sim através de uma série de práticas extrativas e desumanizadoras que a maioria de nós desconhece.” [The New York Review of Books]


Atlas da IA — Poder, Política e Custos Planetários da Inteligência Artificial, de Kate Crawford (tradução de José Miguel Silva) está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/atlas-da-ia/

Sobre A Ucrânia e a Rússia, de Paul D'Anieri

 Esta obra apresenta uma análise profunda, revista e atualizada da atual guerra na Ucrânia. Nela, Paul D’Anieri aborda as dinâmicas no interior da Ucrânia, o conflito entre a Ucrânia e a Rússia e entre a Rússia e o Ocidente alargado, que emergiu do colapso da União Soviética e resultou na invasão russa de 24 de fevereiro de 2022.

Numa sequência cronológica, o autor mostra como a separação da Ucrânia e da Rússia em 1991, na época designada por “divórcio civilizado”, levou a um dos mais violentos conflitos na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

D’Anieri considera que, nesta evolução, pesaram sobretudo três fatores, a saber: a questão da segurança, o impacto da democratização na geopolítica e os objetivos incompatíveis surgidos na Europa no pós-Guerra Fria.


“Um trabalho de enorme erudição. Uma leitura obrigatória para qualquer pessoa que tenha interesse pela origem da crise atual.” [Serhii Plokhy, autor de A Porta da Europa]


A Ucrânia e a Rússia — Do Divórcio Civilizado à Guerra Incivil, de Paul D’Anieri (tradução de João Paulo Moreira), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/a-ucrania-e-a-russia-do-divorcio-civilizado-a-guerra-incivil-pre-venda/

Sobre Contos de Guerra, de Lev Tolstói

 «Esta coletânea inclui contos de Lev Tolstói escritos entre os anos de 1852 e 1856, baseados nos acontecimentos da guerra dos russos no Cáucaso e da defesa de Sevastópol durante a Guerra da Crimeia. O jovem Tolstói foi participante de três campanhas militares. Foram anos de formação da sua visão do mundo e do seu talento literário, ou, como ele próprio disse numa carta de 1851, da aprendizagem de “governar a sua pena e as suas ideias”.» [Da Introdução de Filipe Guerra e Nina Guerra]


«Na verdade, Tolstoi está mais próximo de Homero em obras menos complexas, em Cossacos, nos Contos do Cáucaso, nos esboços sobre a Guerra da Crimeia e na seca sobriedade de A Morte de Ivan Iliitch

[George Steiner, Tolstoi ou Dostoievski]


Contos de Guerra (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra) e outras obras de Lev Tolstói estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/lev-tolstoi/

9.9.24

Sobre Física da Tristeza, de Gueorgui Gospodinov

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Física da Tristeza, de Gueorgui Gospodinov (tradução do búlgaro de Monika Boneva e Paulo Tiago Jerónimo)


Vencedor do Prémio Jan Michalski de Literatura


Finalista dos prémios Strega Europeo e Gregor von Rezzori, Física da Tristeza reafirma Gueorgui Gospodinov como um dos mais inventivos e ousados escritores da Europa.

Publicado quase uma década antes de Refúgio no Tempo, vencedor do International Booker Prize, Física da Tristeza tornou-se um clássico de culto underground. Encontrando um estranho consolo no mito do Minotauro, um homem chamado Gueorgui reconstrói a história da sua vida como um labirinto, deambulando pelo passado para encontrar a criança melancólica no centro de tudo.

Cataloga curiosos casos de abandono, que vão da Antiguidade ao Antropoceno; relata cenas de uma infância turbulenta na Bulgária dos anos 70, passada sobretudo numa cave; e descreve um encontro bizarro com um excêntrico flâneur chamado Gaustine.

Ao ler Física da Tristeza, encontramos diversas personagens secundárias, deambulamos por várias histórias e sentimos empatia pelo incompreendido Minotauro, que está no centro de tudo o que acontece.


“Um livro peculiar e de leitura compulsiva que sugere habilmente o vazio e a tristeza na sua essência.” [The New York Times]


Física da Tristeza e Refúgio no Tempo (traduções de Monika Boneva e Paulo Tiago Jerónimo) estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/gueorgui-gospodinov/

Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Viagem de Inverno, de Maria Filomena Mónica

 Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: Viagem de Inverno, de Maria Filomena Mónica


«Em Dezembro de 1991, tinha eu 48 anos, dei uma entrevista à Marie Claire, uma revista que organizara um número sob o título “O Charme das Mulheres de 50 Anos”. Relendo o que disse, o que surpreende é o meu optimismo. É verdade que já então descobrira não ser imortal, o primeiro sinal de envelhecimento, ou, se preferirem, de sabedoria, mas declarava, com ar pimpão, que ter cinquenta anos era a melhor coisa do mundo. O único facto que lamentava era não poder registar, numa agenda, a data e a hora da minha morte.»


Viagem de Inverno e outras obras de Maria Filomena Mónica estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/maria-filomena-monica/

Sobre Canção do Profeta, de Paul Lynch

 «O que torna a narrativa de “Canção do Profeta” tão enigmática é o facto de assistirmos ao colapso de uma democracia sem nunca termos uma compreensão clara do que se está a passar. A história é contada pelo avesso, como que em surdina. Lynch foca-se na dinâmica da família em erosão e é através dela, e só dela, que o leitor pode discernir, como um eco de um eco, os efeitos do novo regime na vida concreta das pessoas e intuir o que se passa na escala maior dos acontecimentos. A sensação de claustrofobia é acentuada pela estrutura dos capítulos, compostos por blocos de escrita densa, parágrafos longos que integram os pensamentos das personagens, os diálogos e os lugares da ação (quase sempre lúgubres, sombrios, chuvosos) no mesmo fluxo verbal, sem quaisquer quebras ou sinais que os distingam uns dos outros. […]

O que Lynch faz, numa engenhosa inversão, é obrigar-nos a olhar para esta odisseia terrível de meia dúzia de pessoas como nós e lembrar-nos que isto é algo que sempre aconteceu e continua a acontecer, só que neste caso se perde a abstração da distância, ganhando-se o travo amargo do reconhecimento, porque estamos mais próximos de Eilish do que de uma mãe em tudo semelhante, mas síria. E porque “o fim do mundo é sempre um acontecimento local, chega ao nosso país e visita a nossa cidade e bate à porta da nossa casa, e aos olhos dos outros não é mais do que um aviso distante, um breve relato nas notícias, um eco de acontecimentos que entretanto passaram a lenda”.» [José Mário Silva, E, Expresso, 30/8/2024: https://expresso.pt/revista/culturas/livros/2024-08-29-livros-paul-lynch-viaja-ao-coracao-das-trevas-numa-irlanda-em-guerra-e-em-ruinas-ea018f47]


Esta edição de Canção do Profeta, com tradução de Marta Mendonça, foi publicada com o apoio da @Literature Ireland


O livro está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/cancao-do-profeta-premio-booker-2023/