«Como expectável, um romance biográfico em primeira pessoa como este comporta exigências consideráveis, desde logo o aprofundado conhecimento da existência retratada, na plenitude do seu percurso e complexidade psicológica, laços de afeto e relações de amor, confissões de medos e fases de depressão, momentos de êxito e de fracasso, processos de criação e modos de estar na vida, luzes e sombras.
Também exige empatia profunda entre a autora do discurso ficcional e a figura objeto dessa recriação, numa espécie de fusão íntima — quem escreve projeta-se ou encarna a figura recriada. Nesta opção compositiva, quem fala é Paula Rego, recontando a sua própria existência, logo a partir da infância: “Conheço o meu passado como os pássaros a voar em bando conhecem as rotas invisíveis que os conduzem sempre aos mesmos sítios” (9). A revisitação da criança que fora a partir da mulher idosa fecha um ciclo de vida. […]
Em suma, Cristina Carvalho presta sentida homenagem à grande pintora contemporânea Paula Rego, delineando o retrato desta personalidade artística através da sua própria palavra.» [José Cândido de Oliveira Martins, Colóquio/Letras, n.º 217, Setembro de 2024]
«Paula Rego — A Luz e a Sombra» e outras obras de Cristina Carvalho estão disponíveis em https://www.relogiodagua.pt/autor/cristina-carvalho/
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