25.4.24

Sobre Alexandra Alpha, de José Cardoso Pires


 

«A revolução surge, hesitante, incerta mas desejada, entre as brumas, num registo quase mágico: “Estávamos desconfiados, pois a cidade apresentava‑se numa aridez de morte. Apareceu‑nos sob um céu de cinza branca, secreta e despovoada, e, ao alvorecer essa cinza, essa poalha, começou a ganhar reflexos metálicos. (…) Vimos um cão crucificado numa cabina telefónica. Ou pareceu‑nos. E numa avenida qualquer passou, muito discretamente, um cavalo solitário a arrastar uma carroça com pneus de automóvel.” E a euforia começa a despontar, a cidade a pulsar, praças que ondulam de gente, o electrocardiograma em galope pelas linhas abaixo, sem interrupções, sem arritmias, também sem patologias. O passado agonizante a ficar lá para trás, numa escrita caudalosa, que engrossa e corre veloz, a cada frase, a cada parágrafo, a cada página, as colunas militares inundadas de sol, mais país, mais mundo, mais povo, “muito povo, tanto que não nos cabia nos olhos”.» [Do Prefácio de Ana Margarida de Carvalho]


Alexandra Alpha e outras obras de José Cardoso Pires estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/jose-cardoso-pires/

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