27.4.21

De A Ponte, de Hart Crane

 



«À Ponte de Brooklyn


Em quantas madrugadas, arrefecidas pelo repouso ondulante,

As asas da gaivota hão-de imergi-la e voar em seu redor,

Espalhando anéis brancos de tumulto, erigindo bem no alto

Sobre as águas agrilhoadas da baía a liberdade —


Então, numa curva inviolada, deixarão os nossos olhos

Tão espectrais como veleiros que cruzam

Uma página cheia de parcelas a arquivar;

— Até que os elevadores nos libertem do nosso dia...


Sonho com cinemas, truques panorâmicos

Com multidões debruçadas sobre uma cena fulgurante

Jamais revelada, mas passada de novo à pressa,

A outros olhos prometida sobre o mesmo écran;


E TU, por cima do porto, ao ritmo da prata

Como se o sol te imitasse, embora deixasse

Um gesto nunca acabado no teu rasto, —

Implicitamente ficas com a tua liberdade! […]» [p. 17]


A Ponte, de Hart Crane (trad. Maria de Lourdes Guimarães), está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/a-ponte/

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