26.4.21

Sobre A Guerra Civil (Farsália), de Lucano

 



«Mil novecentos e cinquenta e cinco anos depois da morte do seu autor, sai pela primeira vez em língua portuguesa uma tradução integral e anotada da Farsália. Com efeito, e apesar de Lucano ser um poeta muito citado na nossa literatura (inclusive por Zurara na Crónica do Descobrimento e Conquista de Guiné, e tendo n’Os Lusíadas um poderoso testemunho de recepção), a sua obra épica apenas tinha sido objecto de tradução muito parcial por alguns poetas de mérito, como Filinto Elísio e Bocage, datando de 1864 a tradução porventura mais recente publicada em Portugal, por José Feliciano de Castilho (nas páginas do Arquivo Pitoresco, apenas o livro VII, existindo outros); a Universidade de Campinas, no Brasil, publicou o primeiro volume da tradução (em verso) de Brunno Vieira em 2011. Este estado de coisas não coincide, todavia, com a circulação que a obra de Lucano teve outrora no nosso país. Da Farsália existem na Biblioteca Nacional de Portugal um incunábulo de 1486 e mais de vinte edições sucessivas do século XVI (entre 1505 e 1578), sendo de assinalar também a presença, nesse fundo bibliográfico, de uma tradução castelhana de 1541. No entanto, a obra parece nunca ter sido impressa por prelos portugueses, havendo dos séculos seguintes muito menos exemplares – e nenhum dos séculos XVIII e XIX (estes dados objectivos poderiam ser justificados por muitas informações sobre o contexto cultural português e a degradação educativa nacional). […]

Quanto ao texto, é preciso reconhecer que estamos diante de um trabalho notável, merecendo a mais alta estima pela qualidade da tradução proposta, em verso livre heterométrico, respeitando, na medida do possível, a numeração original de versos […].» [Ricardo Nobre, EVPHROSYNE, 48, 2020]


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