31.1.20

Sobre A Carta de Lorde Chandos, de Hugo von Hofmannsthal




A Carta de Lorde Chandos, publicada em 1902, é uma missiva ficcionada a Francis Bacon, em que Lorde Chandos, atravessando uma crise literária e filosófica, explica porque não é capaz de continuar a escrever.
O texto corresponde a uma crise do seu autor. Em 1901, Hofmannsthal renunciara à carreira universitária, reviu a sua obra poética, casou com Gerty Schlesinger e foi viver para uma pequena povoação próximo de Viena. Debate-se com a falta de sentido da expressão poética e literária e com o absurdo dos conceitos abstractos, e pensa que um novo começo só pode surgir de uma atitude, a decência de ficar calado.

«Lorde Chandos, um jovem da nobreza rural da época isabelina, em quem no entanto se pode sem dificuldade pressentir o homem culto, formado em Oxford, e o cavalheiro esteta dos nossos dias, escreve ao seu amigo paterno, o Lorde‑Chanceler Bacon, o pensador mais vigoroso da sua época, e descreve, é certo que com a reserva e o mutismo a seu respeito impostos pela sua educação e pela sua natureza, uma experiência extremamente terrível. A unidade intuitiva mística do Eu, da expressão e da coisa perdeu‑se para ele de uma só vez, de tal forma que o seu Eu é brutalmente conduzido ao isolamento mais hermético, isolado num mundo rico ao qual deixou de ter acesso e cujas coisas nada lhe querem dizer, nem sequer os respectivos nomes.» [Da Introdução de Hermann Broch]

A Carta de Lorde Chandos (trad. Carlos Leite) e Andreas (trad. Leopoldina Almeida) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/hugo-von-hofmannsthal/

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