31.7.19

Sobre Orange Is the New Black, de Piper Kerman




Orange Is the New Black considerada a série de televisão mais importante da década, segundo notícia da revista Time.

O livro de Piper Kerman que deu origem à série foi publicado em 2016 pela Relógio D’Água.

Com uma carreira profissional, namorado e uma família estável, Piper Kerman não se parecia com ela mesma quando, há dez anos, entregou uma mala repleta de dinheiro proveniente de um negócio de droga.
Piper foi condenada a quinze meses de prisão correcional em Danbury, Connecticut. A ex-aluna do prestigiado Smith College é agora a reclusa 11187-424, uma dos milhares de pessoas que todos os anos “desaparecem” no sistema prisional americano.
Durante este período, Kerman aprende a viver neste estranho mundo, ladeado de insólitos códigos de conduta e regras tão restritivas como arbitrárias. Conhece mulheres dos mais variados estratos sociais. Algumas surpreendem-na com pequenas demonstrações de generosidade, duras palavras de sabedoria ou simples actos de aceitação. Outras, nem tanto…



Sobre Marca de Água, de Joseph Brodsky




Em Marca de Água, Joseph Brodsky apresenta-nos um gracioso, inteligente e variado retrato de Veneza.
Observando os mais diversos aspetos da cidade, os canais, as ruas, a arquitetura, as pessoas e a gastronomia, Brodsky capta a magnificência, a fragilidade e a beleza da cidade.

Ao mesmo tempo, desfilam as próprias memórias que Brodsky tem de Veneza, que foi a sua morada de muitos invernos, dos seus amigos, inimigos e amantes. O livro reflete, com enorme força poética, sobre o modo como a passagem do tempo afeta Veneza, alterando a relação entre a água e a terra, a luz e a escuridão, a vida e a morte.

Sobre Mataram a Cotovia, de Harper Lee e Fred Fordham



«Enquanto género literário, o romance gráfico tem vindo a ganhar uma importância crescente nos últimos anos. Depois de uma vaga de autoficção que nos deu livros notáveis — de Fun Home, de Alison Bechdel (Contraponto), ao extraordinário Sabrina, de Nick Drnaso (Porto Editora) —, uma nova tendência é a adaptação de clássicos da literatura, não necessariamente para substituir a leitura dos textos originais, mas antes para lhes conferir, em paralelo, uma dimensão visual forte. É o que acontece com esta adaptação de Mataram a Cotovia, de Harper Lee, uma obra sobre a perda da inocência, narrada do ponto de vista de uma criança, no contexto da vida no sul dos EUA, na década de 30. […] Responsável pela adaptação, Fred Fordham visitou Monroeville, no Alabama (terra natal de Lee e inspiração para a ficcional Maycomb do livro), captando com perfeição a arquitetura, a sua memória e a sua espécie de aura sombria.» [José Mário Silva, E, Expresso, 20/7/19]

30.7.19

Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: O Custo de Vida, de Deborah Levy (trad. Frederico Pedreira)




Um manifesto moderno, vital e empolgante sobre as políticas do feminismo, por uma autora duas vezes finalista do Man Booker Prize.

Qual é o preço que uma mulher paga por abalar antigas convenções e quebrar as hierarquias sociais que a tornaram uma personagem menor num mundo que nunca foi organizado em seu proveito?
A autora reflete sobre o que é viver com significado, valor e prazer, procurando a liberdade última, que é a de escrever a nossa própria vida, refletindo ao mesmo tempo sobre a obra de artistas e pensadores como Simone de Beauvoir, James Baldwin, Elena Ferrante, Marguerite Duras, David Lynch e Emily Dickinson. 
O Custo de Vida é a segunda de três partes de uma autobiografia sobre a escrita, políticas de género e filosofia. A primeira, já publicada pela Relógio D’Água, é Coisas Que não Quero Saber.

O Custo de Vida, o novo livro de Deborah Levy, é tão bom que só o li uma hora por dia para o fazer durar.” [Miguel Esteves Cardoso, Público]

“Um manifesto eloquente.” [The Guardian]

“Uma escritora indelével… de um génio elíptico… O Custo de Vida é uma leitura de enorme prazer.” [The New York Times]


“Uma observadora arguta do mundano e do inexplicável. Levy consegue transmitir pormenores memoráveis em poucas palavras.” [The New York Times Book Review]

Sobre O Herói do Nosso Tempo, de Mikhail Lérmontov




«O Herói do Nosso Tempo» é um livro essencial para compreender a passagem do Romantismo para o Realismo na literatura russa. É composto por cinco narrativas relacionadas por uma estrutura em espiral e um protagonista comum, Petchórin, um jovem oficial russo desiludido com a vida e o género humano, que descreve a sua própria alma como meio morta e a felicidade como a capacidade de exercer poder sobre os outros. As cinco histórias vão-se desenvolvendo, revelando e ocultando os seus contornos, afastando-se e ressurgindo com novas perspectivas.

«O jovem Lérmontov conseguiu criar um personagem de ficção cujo cinismo, brio romântico, flexibilidade felina e olhar de águia, sangue ardente e cabeça fria, ternura e melancolia, elegância e brutalidade, delicadeza de percepção e desagradável paixão pelo poder, a crueldade e a consciência que dela tem exercem uma perdurável atracção sobre os leitores de todos os países e tempos, sobretudo os jovens.» [Vladimir Nabokov]

Sobre O Monte dos Vendavais, de Emily Brontë




«Poucas obras tiveram tempo de concepção tão prolongado como Wuthering Heights que, na verdade, deve ter nascido no dia em que nasceu Emily Brontë. Nunca entre um livro e o seu autor aconteceu maior intimidade, no sentido de um crescimento em pura simbiose.» [Hélia Correia]

«É como se Emily Brontë desfizesse tudo aquilo que conhecemos dos seres humanos e preenchesse essas transparências irreconhecíveis com um sopro de vida que faz com que elas transcendam a realidade.» [Virginia Woolf]


«Um livro diabólico — um monstro incrível… A ação tem lugar no inferno — mas parece que os lugares e as pessoas têm nomes ingleses.» [Dante Gabriel Rossetti]

Sobre Paris França, de Gertrude Stein




Em Paris França, Gertrude Stein dá-nos a sua visão da cidade em que escolheu viver durante mais de quarenta anos, numa época em que o seu exemplo foi seguido por escritores e artistas das mais diversas nacionalidades, de Hemingway a Joyce e Salvador Dalí.
Em sugestiva desordem, sucedem-se as recordações de infância, opiniões sobre a França e os Franceses, a arte, a gastronomia, a moda e a guerra. Muitos episódios narrados estão carregados de humor.
A obra de Stein foi também uma reflexão sobre a linguagem e muitas das suas narrativas têm um estilo inconfundível, presente neste livro de estranha pontuação. 
Paris França foi publicado pela primeira vez em 1940, no dia em que a França foi ocupada pelos Alemães.


Este e outro livro de Gertrude Stein estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/gertrude-stein/

Sobre Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas




«Clássico absoluto entre os livros de aventuras, este romance (aqui em versão integral) encheu de felicidade e noites mal dormidas os verões de muitos jovens, geração após geração. Que o intrépido D’Artagnan — acompanhado pelos leais Athos, Porthos e Aramis — continue a manter vivo, no século XXI, o sortilégio do puro prazer da leitura.» [José Mário Silva, Expresso, 20/7/19]

29.7.19

Disponível em www.relogiodagua.pt e a chegar às livrarias: «Provocações — Ensaios Escolhidos», de Camille Paglia (trad. Helena Topa)





Uma coletânea que abarca mais de duas décadas de escritos de uma intelectual provocadora.

Muitas coisas mudaram desde que Camille Paglia surgiu com o seu inovador Personas Sexuais. Mas as lúcidas conceções desta grande pensadora norte-americana continuam na vanguarda — não só pela sua capacidade de captar o tom do momento mas também por ser capaz de antecipar tendências sociais e culturais.
Com uma introdução em forma de manifesto fervoroso em que Paglia expõe as convicções fundamentais que caracterizam a sua escrita — a liberdade de expressão, a necessidade de investigação audaciosa e um profundo respeito por toda a arte, erudita ou popular —, Provocações reúne um conjunto de textos que faz luz sobre os mais variados temas, dos óscares, ao atual presidente dos EUA, passando pelo punk rock.

«Adorei Provocações, a nova coleção de ensaios de Camille Paglia. Com a sua característica e amarga ironia, Paglia oferece perspicazes e bem-humorados comentários sobre a cultura — a cultura pop, a arte, o feminismo e a política.» [Lily Kupets, Vogue]

«Brilhante. […] A académica e guerreira cultural está atenta aos acontecimentos. […] Paglia ocupa-se de uma larga faixa da sociedade e da cultura em geral, incluindo secções sobre cultura popular, literatura, ensino, arte, política e outras.» [Kirkus Reviews]

«Escandaloso, como queríamos e esperávamos! Paglia tem uma visão, não é uma observadora neutra. Vê o movimento, vê as fendas a abrirem-se, ouve os ventos a mudarem. Nesta coleção de ensaios, viajamos no tempo, mas os destinos estão definidos. A autora mostra-nos o que prevê.» [Patricia E. Moody, Blue Heron Journal]

Este e outros livros de Camille Paglia estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/camille-paglia/

Palavras ditas por Hélia Correia na entrega do Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB




«Muitas vezes se fez essa pergunta sobre se pode a literatura agir sobre as coisas reais. Alguma ela se esgotará, envelhecida, exausta de recursos. Pergunte-se o contrário e já se sabe o conteúdo da resposta: pode o real agir sobre o literário? É um dado adquirido que a vida entra no livro e o modifica, isto é, lhe dita o modo, a forma de existir. Grande parte do estudo literário é sociológico. Mas a palavra «modificar» aplica-se comummente no sentido de provocar uma mudança, significando, quanto à obra de arte, uma intrusão, uma vontade de intervenção no próprio conteúdo.
Conheci a censura. Mas, não tendo gosto pelas memórias ressentidas, só muito raramente falo dela. Ainda há pouco toquei nesse terror quando reli Os Demónios – não Os Possessos – na tradução do António Pescada, a quem tão grata sou por me ter permitido ler sem desconfiança os meus romances russos. Está nele incluído o capítulo que Dostoievski se viu forçado a retirar aquando da publicação. Escreveu um outro, totalmente diferente. E a chave do enigma respeitante à personagem principal caiu no lodo. «Que nunca mais, que nunca mais isto aconteça», é o voto que faz qualquer leitor. E, no entanto, está a acontecer.
Não pela força de um poder instituído e frequentemente muito estúpido, mas pela força de um poder massificado, igualmente estúpido, igualmente autorizado por um puritanismo executório. É uma polícia da opinião que não parece imposta e que se aloja no interior de cada um para desencorajar a ousadia, sendo que a ousadia não está hoje na infantil libertinagem sexual e sim no dar palavra e dar figura ao que o homem e a natureza têm de terrível, de necessário, de indomesticável. Dar a palavra ao que é inominável, afrontar o tabu, eis a tarefa. Não podemos deixar que uma cruzada de higienização se estenda à arte.
Ainda há poucos meses, em Paris, Philippe Brunet, um helenista conceituadíssimo, diretor da companhia de teatro antigo Demodocos, que atua sobretudo no domínio académico, preparou para a Sorbonne uma encenação das Suplicantes de Ésquilo. Esta peça tem vindo a ganhar nova vida graças ao tema dos refugiados que hoje domina o nosso pensamento e o nosso desespero de pensar. Na dita encenação, as Danaides, fugidas do Egipto, usariam as máscaras de acordo com o cânone cénico da tragédia grega. Usariam máscaras negras para caracterizarem mulheres muito tisnadas pelo sol. Elas pedem asilo a Pelasgos, rei de Argos, invocando ascendência comum, pelo que se infere que a diferença racial não é profunda entre elas e os argivos.
Não houve estreia. A peça foi alvo de boicote por parte de um grupo de ativistas, o «Cran» que lançou a campanha «Stop blackface» e encontrou no uso de uma máscara negra resquícios da prática «racialista», assim lhe chamam, de se pintarem atores brancos com cor preta, a fim de desempenharem papéis caricaturais e assim ridicularizarem a raça negra. 
A ameaça da ignorância muda de face mas não muda de maldade. A maldade benzida que extermina, essa maldade medieval que ainda opera noutros países da contemporaneidade, pouco difere desta maldade nova e aparentemente redentora que visa erradicar das histórias infantis tudo o que possa criar medo ou erros de julgamento ( quando basta ler Bettelheim para as aceitar na fixidez da sua tradição) e que acusa uma encenação das Suplicantes de racismo, equiparando a máscara à graxa de sapatos.
Tal como o outro, este censor é um verme para passa para dentro da pele e decompõe a nossa liberdade natural. Mas, quanto a este, cabe a cada corpo social, ao indivíduo e ao grupo defenderem-se, num estado que não é de resistência, a nobre resistência da clandestinidade – mas de guerra. Guerra de rosto descoberto, guerra altiva. Porque ela, a ignorância, já calçou as botas para a parada.

Perdoem, mas eu tenho de lá ir. Eu tenho sempre de lá ir. São eles, os Gregos, quem me dá socorro. Tenho de ir, na sequência desta indignação a que pretendi dar um tom de aviso. Que tempo é este, que pressão é esta em que a tragédia grega é proibida por um grupo social aparentemente bem-intencionado, movido por rigores anti esclavagistas? Como pode ignorar-se tudo aquilo – a começar pela palavra Xénos – que os Gregos descobriram para eles próprios e ensinaram a quem quis aprender?

Esta palavra Xénos, que veio a significar estrangeiro, forasteiro, tinha a conotação primeira de «hóspede». É hóspede o que chega a uma terra, a uma casa, no decurso da viagem. Um dos epítetos de Zeus é Xénios, protetor dos visitantes e vingador dos maus tratos exercidos sobre estrangeiros. A Xenía é um dos mais antigos conceitos da civilização ocidental. Ele é, ao mesmo tempo, teológico, ritual, espiritual e pragmático. É à Ilíada e à Odisseia que vão buscar-se exemplos da extrema cortesia para com os visitantes e dos laços sagrados que se tecem entre o anfitrião e o visitante, laços que obrigam mesmo as gerações vindouras. À vista do forasteiro, o dono do lugar avança a recebê-lo, oferece-lhe um banquete, convida-o ao descanso. Só depois lhe pergunta o nome e pede um relato biográfico pois, sendo grego, não dispensa as narrativas.» [Hélia Correia, Lisboa, 22 de Julho de 2019]

Sobre Contos, de Beatrix Potter




Beatrix Potter amava o campo e passou grande parte da sua infância a desenhar e a estudar animais.
Nasceu em Londres em 1866. Teve uma infância solitária e na juventude estudou Arte e História Natural. Passava as férias nos campos da Escócia e mais tarde na Região dos Lagos. 
Iniciou-se como escritora e ilustradora para crianças quando tinha 35 anos. O conto Pedrito Coelho foi publicado em 1902. 
Nos anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), era já uma escritora popular, publicando novos contos quase todos os anos. Quando se tornou economicamente independente, comprou uma quinta na Região dos Lagos e, depois de, em 1913, se casar com o seu advogado William Heelis, estabeleceu-se ali de modo permanente. 

Na última fase da sua vida, dedicou-se a gerir as suas terras e à conservação da natureza. 

Sobre Carta ao Pai, de Franz Kafka




«Claro que não quero dizer que aquilo que sou se deve apenas à tua influência. Seria um grande exagero (e eu até tenho tendência para estes exageros). É bem possível que, mesmo se tivesse crescido completamente fora da tua influência, não conseguisse vir a ser um indivíduo a teu contento. Ter-me-ia tornado, talvez, um indivíduo mais fraco, mais ansioso, mais indeciso, mais inquieto, nem um Robert Kafka, nem um Karl Hermann, mas um ser completamente diferente daquilo que sou, e teríamos conseguido darmo-nos às mil maravilhas. Ter-me-ia sentido feliz por te ter como amigo, chefe, tio, avô, e até mesmo (se bem que com alguma reserva) como sogro. Só que como pai foste forte de mais para mim, sobretudo atendendo a que os meus irmãos morreram de tenra idade, e que só muito mais tarde viriam as minhas irmãs, pelo que tive de aguentar o primeiro embate completamente sozinho, sendo eu fraco de mais para isso.»


Esta e outras obras de Franz Kafka estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/franz-kafka/

Sobre Tu Sabes que Queres, de Kristen Roupenian




«De um dia para o outro, Kristen Roupenian experimentou a sensação de uma mudança brusca na sua vida. Ela própria conta como, em 2017, a sua história “Cat Person”/“Amante de Gatos” foi aceite pela revista “New Yorker”: “na segunda-feira, o conto apareceu online e fiquei feliz, mas pensei, pronto, já está, talvez surjam alguns ‘gosto’, mas o mais certo é que seja recebido com indiferença.” Ao contrário das suas previsões, passados dois ou três dias, o efeito Internet — e respectivos “milagres” — abateu-se sobre ela.. Subitamente, colmo nos contos de fadas — ou nos mitos dos sucessos instantâneos “made in USA” — Roupenian ficou famosa. O conto, que relata o breve e catastrófico relacionamento de Margot, 20 anos, com Robert, 34, uma espécie de aviso sobre o que pode correr mal entre homens mais velhos e mulheres mais novas, sobre a excitação dos primeiros encontros, sobre o poder da coacção e subsequente desilusão, numa mistura de péssimo sexo, de incompreensão e de mal-entendidos de parte a parte, foi o mais lido online em toda a história da “New Yorker”.» [Helena Vasconcelos, ípsilon, Público, 26/7/2019]

26.7.19

Sobre Veneza — Um Interior, de Javier Marías




«Veneza produz simultaneamente duas sensações na aparência contraditórias: por um lado, é a cidade mais homogénea — ou, se se prefere, harmoniosa — de todas as que conheci. Por homogénea ou por harmoniosa entendo principalmente o seguinte: que qualquer ponto da cidade, qualquer espaço luminoso e aberto ou recanto escondido e brumoso que, com água ou sem ela, entre a cada instante no campo visual do espectador é inequívoco, isto é, não pode pertencer a nenhuma outra cidade, não pode confundir-se com outra paisagem urbana, não suscita reminiscências; é, portanto, tudo menos indiferente. (…)
Por outro lado (e aqui está o contraditório), poucas cidades parecem mais extensas e fragmentadas, com distâncias mais intransponíveis ou lugares que provoquem uma maior sensação de isolamento.»


Esta e outras obras de Javier Marías estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/javier-marias/

Sobre Desobediência Civil, de Hannah Arendt




«Sempre que os juristas tentam justificar a desobediência civil com fundamentos morais e legais, constroem a sua argumentação sobre a imagem ou do objetor de consciência ou do homem que testa a constitucionalidade de um texto legal. O problema é que a situação do participante na desobediência civil não tem qualquer analogia com nenhum deles pela simples razão de que ele não existe nunca como indivíduo isolado; só pode funcionar e sobreviver como membro de um grupo. Isto raramente é admitido e, mesmo nas raras circunstâncias em que o é, só marginalmente é mencionado; “a desobediência civil praticada por um indivíduo isolado não tem probabilidade de ter muito efeito. O indivíduo será olhado como um excêntrico mais interessante de observar do que de suprimir. A desobediência civil significativa, portanto, será praticada por um certo número de pessoas que têm uma comunidade de interesses”.»


Esta e outras obras de Hannah Arendt estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/hannah-arendt/

25.7.19

A chegar às livrarias: «Memórias, Sonhos, Reflexões», de C. G. Jung, recolha e organização de Aniela Jaffé (trad. do alemão de António Sousa Ribeiro)





“Apenas me consigo entender à luz de acontecimentos interiores, pois são estes que criam a singularidade da vida, e é deles que a minha autobiografia trata.” [C. G. Jung]”

Este livro é a biografia de um dos psiquiatras mais influentes dos tempos modernos, e foi realizada a partir dos seus discursos, conversas e escritos.
Na Primavera de 1957, quando tinha 81 anos, Carl Gustav Jung decidiu narrar a sua vida. Memórias, Sonhos, Reflexões é o resultado desse desejo, sendo composto por conversas com a sua colega e amiga Aniela Jaffé e por capítulos escritos pelo próprio Jung, entre outros materiais.

Jung escreveu as páginas finais do manuscrito dias antes de morrer, a 6 de Junho de 1961, o que torna este livro uma reflexão única sobre a vida e a obra do autor.

Sobre Pais e Filhos, de Ivan Turguéniev (trad. António Pescada)




«Pais e Filhos não só é o melhor romance de Turguéniev, mas também um dos maiores romances do século XIX. Turguéniev conseguiu fazer aquilo a que se propôs: criar um personagem masculino, um jovem russo, que afirmasse a sua — do personagem — ausência de introspecção e que, ao mesmo tempo, não fosse uma marioneta nas mãos de um repórter social. Bazárov é um homem forte, sem dúvida — e muito possivelmente, tivesse ele vivido além dos vinte anos (acaba de sair do liceu quando o conhecemos), ter-se-ia tornado um grande pensador social, um médico famoso ou um revolucionário activo, para lá dos limites do romance.» [Do Posfácio de Vladimir Nabokov]

Esta e outras obras de Ivan Turguéniev estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/ivan-turguenev/

Sobre O mais Cruel dos Meses, de Louise Penny




Quando o inspetor-chefe da Sûreté du Québec Armand Gamache é chamado à aldeia de Three Pines, depara com um cenário de crime invulgar. Uma sessão espírita realizada numa casa velha e abandonada acabou por se revelar uma experiência terrível e inesperada. O resultado é o corpo de um aldeão, imóvel, assustado pela morte, como se a sua alma lhe tivesse sido retirada.
Gamache rapidamente se apercebe de que na idílica aldeia de Three Pines nem tudo é como deveria. Há segredos tóxicos enterrados, e algo de fétido e putrefacto conseguiu escapar do solo.
O próprio Gamache tem algo a ocultar… um segredo que oculta da sua equipa para poder protegê-la…

«Desde Agatha Christie que esperamos por uma aldeia perfeita, tocada pela morte. Three Pines é essa aldeia.» [Globe and Mail]

«Um deleite para todos nós que apreciamos ficção policial.» [Reginald Hill]

«Gamache é um herói complexo e cativante, destinado a tornar-se um clássico.» [Kirkus Reviews]


De Louise Penny a Relógio D’Água editou também A Estátua Assassina. Em breve chegará às livrarias Casas de Vidro.

24.7.19

Jaime Rocha na 44.ª Feira do Livro da Biblioteca da Nazaré





Amanhã, 25 de Julho, pelas 21:30, Jaime Rocha estará na Feira do Livro da Biblioteca da Nazaré para apresentar a sua nova obra «O Estendal e outros Contos» com uma leitura encenada.

A propósito de Inteligência Artificial




A propósito de «Inteligência Artificial, 5G e geopolítica», António Costa Silva menciona Kai-Fu Lee, cuja obra As Superpotências da Inteligência Artificial a Relógio D’Água editou recentemente:

«Hoje na China já é possível vislumbrar o futuro da economia: a China já está muito à frente dos EUA como produtora de dados digitais, o fosso aumenta todos os dias, a China já é líder mundial na implementação da IA e está a mudar a sua economia com a galáxia de aplicações da IA a um mercado imenso onde a revolução se está a operar desde as reparações de automóveis, a mobilidade nas cidades, as entregas de comida, as vendas a retalho, com empresas que usam um volume imenso de dados processados pela IA e mudam sectores inteiros da economia a uma velocidade estonteante criando um novo paradigma industrial. A era dos dados pode não só revitalizar a economia como reinventá-la.

Neste quadro, como diz o analista Kai-Fu Lee, a China está no seu momento Sputnik, como a antiga União Soviética quando lançou o seu primeiro satélite em 1957 e desafiou a superioridade tecnológica americana. Só que a resposta americana hoje é errada e ineficaz. Não se pode combater a tecnologia com muralhas, ameaças, chantagens, guerras comerciais, perseguições e exclusões de mercados. A tecnologia é disruptiva, multidimensional e dinâmica e não se combate com a ordem mental do século passado criando uma Nato da Tecnologia ocidental para se opor a um Pacto de Varsóvia ou de Xangai da tecnologia oriental. Isso não funciona.» [António Costa Silva, «Inteligência Artificial, 5G e geopolítica», Público, 14/7/2019]

Sobre Naomi, de Junichiro Tanizaki




Na-o-mi. As três sílabas deste nome, invulgar no Japão da década de 1920, prendem a imaginação de Jo-ji, um engenheiro de 28 anos, que depressa se sente atraído por Naomi, uma recepcionista de café, adolescente de origens obscuras. Seduzido pelo seu comportamento inocente e as suas feições quase eurasiáticas, parecidas com as da actriz Mary Pickford, Jo-ji deseja ardentemente arrancar a jovem Naomi à zona sórdida da Tóquio do pós-Grande Guerra e modelá-la, fazendo dela a sua companheira ideal. Mas quando os dois se juntam e se entregam à sua paixão comum pela cultura ocidental, Jo-ji descobre que Naomi está longe de ser a rapariga naïf das suas fantasias.
«Naomi», a obra-prima literária que ajudou a confirmar Junichiro Tanizaki como um dos maiores romancistas japoneses, ao lado de Mishima e Kawabata, é, ao mesmo tempo, a história da obsessão e do tormento de um homem e uma brilhante abordagem da evolução cultural de um país.

«Tanizaki escreve com uma sensualidade inabalável.» [John Updike]

«Na mesma escola de “O Amante de Lady Chatterley” e “Lolita”… Poderosamente erótico, terrivelmente engraçado, a obra-prima de um grande romancista.» [Booklist]


Este e outros livros de Junichiro Tanizaki estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/junichiro-tanizaki/

23.7.19

Cerimónia de Entrega do Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2018 a Hélia Correia por Um Bailarino na Batalha (22/7/2019)




Um Bailarino na Batalha é o primeiro romance escrito por Hélia Correia desde Adoecer.
Num português que há muito foi considerado por Eduardo Lourenço um dos mais magnificentes da literatura portuguesa, Hélia Correia aborda de um modo singular a migração de um povo africano.
São homens e mulheres que procuram desesperadamente alcançar o mar, que é, neste caso, símbolo da fuga a uma vida miserável.
Nessa caminhada foram-se alterando as relações entre homens e mulheres.


«Pesados como pedras, no entanto velozes como pedras, eles caminham, os últimos errantes, uns poucos dias mais adiante, os poucos dias que os separam da música dos ossos. Eles caminham, os últimos errantes, embatendo uns nos outros, repelindo, à força de olhos e de cotovelos, à força daquele ronco que lhes bate, mais do que o coração, dentro do peito, repelindo e chamando, concentrados na marcação das cenas animais, na coreografia da matilha. Pois tudo aquilo que séculos, milénios, foram acumulando, abstracções, certa elegância na sobrevivência, as leis cujo poder suspende a faca e faz descer a faca, tudo era fácil de rasgar, tudo era um mero adorno, um véu de rapariga, algo que não resiste à impiedade.

Agora dormem agitadamente, entregues uns aos outros, confiando primeiro nos laços de família, só depois na vizinhança, e confiando pouco, enfurecidos contra os próprios sonhos que impedem a vigília. Fogem da pátria. Tinham pátria? Tinham, pelo menos, povo. Porque as pátrias surgiam num momento e apagavam-se noutro. Os povos, não.»

Sobre A Morte em Veneza, de Thomas Mann




A Morte em Veneza é a narrativa do fascínio que Aschenbach, um escritor consagrado, sente por um adolescente, Tadzio, de deslumbrante beleza.
Uma paixão que se arrasta pelo Lido e depois pelas ruas de uma Veneza ameaçada e através da qual se questiona a situação moral do artista.
Trata­-se de uma novela em que Thomas Mann, sob a influência filosófica de Platão, aborda a relação com o belo e fala da nostalgia e das suas emoções.

«E entre palavras delicadas e graças espirituosas, Sócrates ensinava a Fedro o desejo e a virtude. Falou­-lhe do temor ardente que acomete o homem sensível quando os seus olhos vislumbram uma semelhança do belo eterno: falou­-lhe da avidez do homem ímpio e vil, incapaz de pensar o belo ao ver a sua imagem, incapaz de veneração; falou do medo sagrado que invade o homem nobre quando contempla uma face divina, um corpo perfeito — como então estremece e sai fora de si, mal ousando olhar, e como venera aquele que é belo, sim, como se ofereceria em sacrifício a este ídolo, se não receasse parecer ridículo aos olhos dos homens.»

Sobre As Ilhas Gregas, de Lawrence Durrell




A escrita de Durrell está ligada à experiência do Mediterrâneo, em especial às Ilhas Gregas. Este texto, criado originalmente como um álbum fotográfico, foi agora recriado para o formato de livro. Nele encontramos descrições evocativas, histórias e mitos (entre eles alguns sobre flores e festividades). É por isso que nenhum viajante da Grécia ou admirador do génio de Durrell deve perder este livro.

«Durrell esteve em todo o lado e, como Ulisses, fez muito e sofreu muito, incluindo aventuras ocorridas durante a última guerra mundial. As suas descrições são prismáticas e palco para um elenco fascinante de atores… todos relembrados com afeto.» [Stewart Perowne, The Times]


«A sua mente é iluminada por tesouros enterrados no fundo do mar, mas nunca perdidos, sobre uma memória clara do Mediterrâneo… Durrell esteve em todo o lado, e é tão generoso com as suas sugestões como atrevido com as peripécias que descreve. Este texto está repleto de vitalidade.» [Frederic Raphael, Sunday Times]

Sobre Agustina Bessa-Luís




Agustina Bessa-Luís será celebrada no próximo Ler no Chiado, na Livraria Bertrand, dia 25 de Julho, pelas 18:30. Mónica Baldaque, Alexandre Andrade e Rita Azevedo Gomes falarão sobre a obra da escritora, numa conversa moderada por Isabel Lucas.

22.7.19

Cerimónia de Entrega do Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2018 a Hélia Correia






Hoje, dia 22 de Julho, pelas 18:00, na sala 1 da Fundação Calouste Gulbenkian, terá lugar a cerimónia pública de entrega do Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2018 a Hélia Correia, pela obra Um Bailarino na Batalha.

Michael Cunningham sobre o romance que haveria de ser «Mrs. Dalloway»




«Como Woolf viria a dizer, acerca de “Mrs. Dalloway”: “Quis escrever sobre a morte, mas a vida intrometeu-se, como habitualmente.”» [Literary Hub, 15/7/2019. Texto completo em https://lithub.com/michael-cunningham-on-the-novel-that-would-become-mrs-dalloway-2/ ]


Mrs. Dalloway e outras obras de Virginia Woolf estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/virginia-woolf/

Sobre Negro e Prata, de Paolo Giordano




Esta é a história de um amor jovem, da vida de um casal inexperiente e por vezes feliz, espantado por descobrir dia após dia as variadas formas de solidão e de abandono.
Quando a senhora A. entra em sua casa para se ocupar das tarefas domésticas, torna-se a garantia da relação, a bússola capaz de orientar o casal que espera um filho em tempos de bonança e tempestade. Torna-se a única testemunha dos laços que unem o casal. É por isso que, quando uma doença a atinge e depois a leva, Nora e o seu marido sentem a relação em perigo e têm de procurar na senhora A. a inspiração para continuarem. 
Há muitos modos de contar uma história de amor. Paolo Giordano escolheu uma das mais originais, registando como um sismógrafo o desgaste do quotidiano, os arrebatamentos e as dores, as incertezas e os desejos e os sinais de um primeiro naufrágio.


De Paolo Giordano, a Relógio D’Água publicou também A Solidão dos Números Primos. Ambos os livros estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/paolo-giordano/

19.7.19

Sobre Açores — O Canto das Ilhas, de Carlos Pessoa




«É um mergulho no arquipélago agora tão na moda entre turistas nacionais e estrangeiros, escrito por alguém que conhece aprofundadamente as nove ilhas atlânticas, contando já no seu currículo de viajante com várias visitas, nas quais tem realizado múltiplas conversas com açorianos, residentes e/ou emigrantes, e pesquisado em arquivos e bibliotecas locais.» [Nuno Miguel Silva, Jornal Económico, 18/4/2019]

Sobre Cidades da Planície, de Cormac McCarthy




Em Cidades da Planície, duas personagens já conhecidas de Belos Cavalos e A Travessia encontram-se. Entre os seus intensos passados e incertos futuros, deparam agora com um país em constante mudança.
No outono de 1952, John Grady Cole e Billy Parham são cowboys num rancho do Novo México que havia sido invadido a norte pelos militares. No horizonte a sul estão as montanhas do México, para onde um deles é constantemente arrastado.
Cidades da Planície, o último volume da Trilogia da Fronteira, é uma história de amizade, paixão e de um amor tão perigoso como inevitável.

«Esta trilogia é um marco na literatura americana.» [Guardian]

«Numa paisagem de beleza natural e perda iminente, tão acolhedora como terrível, encontramos John Grady, um jovem cowboy da velha guarda, e uma jovem e frágil mulher, cuja salvação se torna a sua obsessão… McCarthy torna as arrebatadoras planícies um milagre.» [Scotsman]


Esta e outras obras de Cormac McCarthy estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/cormac-mccarthy/

Sobre Trajectos Filosóficos, de José Gil




«Para José Gil, um dos mais importantes pensadores da contemporaneidade, os conceitos filosóficos são como “pirilampos num escuro que o pensamento atravessa”. Nos ensaios aqui reunidos, multiplicam-se esses brilhos, do “devir-animal” aos labirintos do “destino”, do “Aqui-Agora” ao “inconsciente inteligente”. Sobretudo, afirma-se uma certeza: “Contra os apologistas do esplendor das trevas, a filosofia resiste.”» [Expresso, E, 13/7/2019]


Este e outros livros de José Gil disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/jose-gil/

18.7.19

Cerimónia de Entrega do Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2018 a Hélia Correia





No próximo dia 22 de Julho, pelas 18:00, na sala 1 da Fundação Calouste Gulbenkian, terá lugar a cerimónia pública de entrega do Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2018 a Hélia Correia, pela obra Um Bailarino na Batalha.