«A estes trechos juntam-se linhas de contos e peças que espelham aquilo de que Tchékhov fala e ainda frases do que se escreveu sobre ele. Textos assinados por biógrafos, amigos, colegas: antes e depois da sua morte. Tudo junto, ficamos entre mãos com uma enciclopédia sobre Tchékhov. Uma declaração de amor tão larga como a vida. São 50 entradas onde se fala de tudo, desde o poder ao dinheiro, passando pela fé e pela medicina. No capítulo “Visão do Mundo”, Maksim Gorki defende Tchékhov daqueles que o acusam de não ver além do seu umbigo: “A maioria de nós, os humanos, tem uma visão do mundo precisamente idêntica à das baratas, ou seja, fica metida num lugar quentinho, mexe as antenas, como pão e procria baratas.” Em 1894, Tchékhov escreve a Suvórin, um amigo: “Pergunta ‘o que deve o homem russo desejar agora?’ A minha resposta é: deve desejar. Precisa, antes de mais, de desejos, de temperamento. Estamos fartos de moleza.” Numa carta ao seu grande amor, Olga Knipper, assume um tom mais prosaico: “Perguntas-me: o que é a vida? É o mesmo que perguntar: o que é a cenoura? A cenoura é a cenoura, e não se sabe mais nada.” Para quem ama Tchékhov, há um antes e um depois da leitura deste livro.» [Rui Lagartinho, Expresso, E, 30/3/2019]
3.4.19
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