18.1.19

Sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis




«Machado de Assis, o mais destacado discípulo de Laurence Sterne no Novo Mundo, escreveu a sua obra-prima em 1880 num Brasil esclavagista, sendo ele próprio neto de libertos. Mas Machado, génio da ironia, nunca ataca directamente a sua sociedade, antes se propondo atingi-la com uma comédia maliciosa e um niilismo embotado. O seu Brás Cubas é maravilhosamente estimável e magnificamente alienado: nunca sofre e por isso nunca sofremos com ele. E, no entanto, das suas Memórias Póstumas emana uma tranquilidade quase sobrenatural, uma atmosfera tão original, que não posso compará-la com nenhuma outra narrativa, apesar da influência de Sterne.
O verdadeiro tema de Machado é a nossa comum mortalidade. Um tema que é difícil considerar com despreocupação e ironia, mas que nos obriga nas Memórias Póstumas de Brás Cubas a adoptar uma perspectiva ao mesmo tempo distanciada e irónica.» [Harold Bloom, Génio]

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