Joana Emídio Marques sugere “Nesta Grande Época”, de Karl Kraus, e "Dia Alegre, Dia Pensante, Dias Fatais", de Maria Filomena Molder.
Nesta grande época, Portugal ainda mal conhece a obra de Karl Kraus, o locutor do horror do seu tempo, como lhe chamou Elias Canetti. O jornalista que colocou os jornais no banco dos réus ao analisar o papel destes media na 1ª Guerra Mundial, que compreendeu como poucos que pela destruição e manipulação da linguagem todo o tipo de ditaduras seriam possíveis. A sua sátira cabe aos media atuais como uma luva.
Os dias de Maria Filomena Molder são como os seus livros para nós, leitores: alegres, pensantes, fatais. Nos últimos dois anos, a mais ígnea das nossas pensadoras já nos deu Rebuçados Venezianos e agora este Dia Alegre…, em ambos se reúnem ensaios, textos, reflexões, memórias e rememorações, sobre cultura, arte, poesia, uma teia de ligações feita e desfeita num pensamento veloz onde, como em Clarice Lispector, a palavra serve como isco para pescar a entrelinha. Atrevamo-nos a mergulhar nas entrelinhas tantas vezes fatais destes dias.
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