22.2.17

Sobre Desobediência Civil, de Hannah Arendt




«Este ensaio constrói-se por meio de uma apertada malha de referências, interligando dois fios condutores: a lei e as ciências sociais. Hannah Arendt forja, com enorme segurança e elasticidade, um fundo teorético que sustenta cabalmente as suas asserções. Esta base, filha de um estudo aturado dos princípios e das regulações que organizam a sociedade e a civilização — «artefacto criado pelo homem para alojar sucessivas gerações» (p.37) –, permitiu à autora, sem riscos de demagogia, fazer a apologia da desobediência civil, para a qual defende um «nicho constitucional» (p.42) e mesmo o «estabelecimento da desobediência civil entre as nossas instituições políticas» (p.59). É, precisamente, por se ter posicionado de tal forma dentro da esfera legal que Arendt pode fazer a vindicação de um posicionamento que subverte a lei. Ao estudar e analisar os limites e contradições do sistema judicial americano, pois é dele que se trata (embora se estudem raízes que recuam à filosofia continental), Arendt detecta as brechas, as lacunas que podem, argúi, ser preenchidas por uma atitude sobremaneira alternativa, a da desobediência civil.» [Hugo Pinto Santos, Caliban, 12/2/17]

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