«É importante notar que o que José Gil tenta descrever e compreender
não são coisas virtuais ou potenciais provocadas pela pintura, mas movimentos
reais realizados num espaço exterior, material, mundano, e não num lugar
virtual criado por ocasião da experiência da arte. A premissa é que o nosso
corpo é, de facto, afectado pela perceção da obras de arte: o corpo é
percorrido e moldado, diz-nos Gil, por vibrações que atingem o corpo,
desencadeando nele um devir-espaço. (…)
Este ensaio, breve mas de notável fôlego, termina com um capítulo
dedicado à felicidade. A partir de uma importante citação de Paul Klee — é dito
que a imagem artística não possui nenhuma utilidade especial e que o único
objectivo que deve cumprir é o de nos tornar felizes. Sendo que a felicidade
não é um somatório, mas é uma dilatação do corpo ao mundo de tal modo que não
tem nenhum objecto mas transforma-se, como diz Gil, em prazer de existir. E
esta abertura ao mundo é, simultaneamente, a condição de possibilidade da arte
e o seu resultado.» [Nuno Crespo, Público, ípsilon, 26-2-2016]
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