«— O que quer dizer moderato cantabile?
—
Não sei.»
Uma lição de piano, uma criança teimosa, uma mãe que ama o filho, não há
expressão mais autêntica da vida tranquila numa cidade da província. Mas um
súbito grito vem rasgar a trama, revelando sob a contenção de uma narrativa de
aparência clássica uma tensão que vai crescendo até ao paroxismo final.
«Porque é que o grito súbito de uma desconhecida e a visão do seu corpo
ensanguentado perturbaram de tal modo Anne Desbaresdes, que é uma mulher jovem
e rica, ligada apenas ao seu filho? Porque é que voltou ao café do porto, onde
o cadáver da desconhecida desabara ao cair do dia? Porque é que interroga um
outro desconhecido, Chauvin, uma testemunha como ela? Uma estranha embriaguez
apodera-se dela, os copos de vinho que pede, e que bebe lentamente, são apenas
pretextos. Volta todos os dias ao local do crime que outra pessoa cometeu e de
cada vez interroga mais, fala um pouco mais longamente.»
Dominique Aury
«Moderato Cantabile poderia definir-se como sendo Madame Bovary
reescrito por Béla Bartók, se não se tratasse, antes de mais, de um romance de
Marguerite Duras (que não se parece com ninguém) e do seu melhor livro (o que é
dizer muito).»
Claude Roy
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