Na revista Única, do Expresso, José Mário Silva sugere alguns livros para ler à lareira:
«Ao referir-se a H. P. Lovecraft, Stephen King não hesitou em colocá-lo num pedestal, escrevendo que “ainda não foi superado como o maior escritor de histórias de terror clássico do século XX”. Este romance, publicado pela primeira vez em 1931, é um bom exemplo dessa mestria, ao confrontar-nos com monstros pavorosos nos confins da Antártida — um cenário que nunca pareceu tão desolado, arrepiante e assustador. (…) Pouco a pouco, o medo das personagens torna-se palpável e transmite-se, como lepra, aos leitores.»
«Longe do seu habitat literário, a escrita liberta-se, torna-se mais visceral e deixa-se contaminar pela desmesura de uma cidade gigantesca, onde as catedrais se vão afundando, o ódio e a miséria se respiram no próprio ar, há polícias que fazem desenhos a partir do contorno dos mortos no chão, há suicidas que reincidem e loucos omnipresentes, tornando tudo mais “excitante”.»
No suplemento Atual do mesmo jornal, Pedro Mexia escreve sobre Canções Mexicanas, de Gonçalo M. Tavares: «O México é retratado como uma zona de guerra, com os turistas e o narrador no papel de vítimas potenciais. Por isso, vários destes textos transmitem a vivência do medo, o medo que o visitante tem de se perder nas entranhas da cidade e aparecer degolado no chão. (…) Neste caos sem geometria, a excitação supera o medo, e a felicidade parece de facto um estranho conceito europeu.»
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