11.3.11

A Relógio D'Água nos media em Março de 2011



A revista Ler está de parabéns, comemorando com o seu último número a 100.ª edição num projecto que dura há 24 anos.
A Ler, apoiada pela Fundação Círculo de Leitores, tem sabido manter a autonomia desde o seu lançamento por iniciativa de António Mega Ferreira, que foi confirmada pela direcção de Francisco José Viegas (e Mafalda Lopes da Costa).
Reunindo alguns dos nossos mais atentos críticos literários, a Ler é um acontecimento editorial mensal.
Este número 100 trocou a crítica a obras recentes pelo espírito comemorativo. Mesmo assim, contém uma excelente entrevista a George Steiner e anuncia um encontro com os seus leitores, no Porto, para o próximo mês de Abril. Além disso, é oferecida aos leitores uma lista de cem livros que «não é um top, não é um best-of», mas condensa obras que «não podemos esquecer». Entre elas, estão dez títulos publicados pela Relógio D’Água:
Um Toldo Vermelho, de Joaquim Manuel Magalhães;
Adoecer, de Hélia Correia;
Os Poemas, de Konstandinos Kavafis (trad. de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis);
Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust (trad. de Pedro Tamen);
Folhas de Erva, de Walt Whitman (trad. de Maria de Lourdes Guimarães);
Belos Cavalos, de Cormac McCarthy (trad. de Paulo Faria);
Errata, de George Steiner (trad. de Margarida Vale de Gato);
O Leilão do Lote 49, de Thomas Pynchon;
Petersburgo, de Andrei Béli (trad. de Nina Guerra e Filipe Guerra);
Em Busca da Identidade ― O Desnorte, de José Gil.
Apesar das boas razões da Ler, não deixa de chamar a atenção o facto de o espírito comemorativo estar a invadir a vida política, editorial e jornalística portuguesa.
Nalguns casos a comemoração surge mesmo como pretexto de uma promoção adicional garantida nos media.
Ora, como escreveu Nietzsche, o excesso de consciência histórica e comemorativa é por vezes um sinal de perda de vitalidade.
Talvez por isso, a Relógio D’Água, que não comemorou os 25 anos de existência em 2008, também não vai comemorar os 30, e ainda tem dúvidas acerca do centenário.

F. V.

Sem comentários:

Enviar um comentário