3.4.24

Sobre Patos, de Kate Beaton

 


«Distinguida com vários prémios internacionais, esta banda desenhada da canadiana Kate Beaton é o registo pessoal de um longo período a trabalhar nas indústrias de extracção de petróleo de Alberta, Canadá. Esse registo dá conta da rotina das petrolíferas e das muitas etapas que a compõem, mas a linha narrativa de Beaton não é a de uma etnografia do trabalho ou sequer a da reportagem longa, mas antes a visão subjectiva e profundamente implicada que não desliga esta rotina laboral do meio que a envolve: migração interna no Canadá, com muita gente a sair de zonas mais isoladas para conseguir ganhar a vida em Alberta; um meio profundamente masculinizado e dominado por códigos onde o assédio e muitos tipos de violência são regra; o isolamento destas unidades industriais e os seus efeitos; as questões ambientais, o extractivismo desenfreado e a ocupação de terras dos povos originários, que perderam não apenas os lugares onde sempre viveram, mas igualmente o direito a pronunciarem-se sobre isso. Patos será um registo pessoal sobre uma determinada paisagem social do Canadá, mas é igualmente um retrato duro sobre o modo como boa parte do mundo vive, impondo sobre outras pessoas as suas vontades.»[Sara Figueiredo Costa, Estante, Blimunda, 16/2/2024: https://blimunda.josesaramago.org/patos-dois-anos-nas-areias-petroliferas/]


Patos — Dois Anos nas Areias Petrolíferas, de Kate Beaton (tradução de Alda Rodrigues), está disponível em https://www.relogiodagua.pt/produto/patos-vencedor-de-dois-will-eisner-comic-industry-awards-2023/

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