«Vista do avião, a paisagem confirma o quadro mental que foi sendo construído através do efeito de leituras repetidas das palavras no papel. As de Cormac McCarthy sobre o lugar onde semeou a maior, a mais atroz das violências naquela que é uma das obras mais luminosas e negras — se o paradoxo for possível — da literatura contemporânea.
A confirmação é dada, antes de mais, pela cor, um amarelo tisnado pelo sol sem a trégua de uma única sombra até onde os olhos avistam. Na extensa planície ou no desenho, ao fundo para norte, das montanhas, começo ou fim das Rocky Mountains, cordilheira que se estende por 4800 quilómetros, desde a Colúmbia, no Canadá, até ao Novo México. Do céu, o chão apresenta-se sem marcas de uma cronologia, de uma história, de qualquer espécie de ordem divina ou humana. Está ali, e podia ser ali o começo do mundo ou de fim de tudo.» [Isabel Lucas, LER, Outono 2023]
Cidades da Planície, O Passageiro, Stella Maris e outros livros de Cormac McCarthy (tradução de Paulo Faria) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/cormac-mccarthy/
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