“A ida para África, depois de uma experiência traumatizante nos Estados Unidos, seguida da expulsão daquele país e de uma curta estada em Lisboa, cidade onde escreveu mais de 20 textos, proporcionou-lhe uma viragem: da fuga e da procura de algo absoluto e indefinido, começa a aceitar-se e a virar-se para dentro, à procura daqueles valores mas em si mesma. […]
Em África, mais concretamente no Congo Belga, Schwarzenbach será recebida de um modo inesperado. […]
Desiludida com o facto de não conseguir ter uma atividade antifascista, nem na rádio, nem na Cruz Vermelha, resolve abandonar a cidade e subir o rio Congo, em junho de 1941, escrevendo alguns artigos com ecos evidentes de Heart of Darkness, de Joseph Conrad. Refere também a vida de colonos europeus, sobretudo os suíços, que trabalhavam no interior, como a família Vivien, em Molanda, a vida ao longo do rio e os destinos dos europeus que aí assentaram arraiais. Daqui partiu em longas excursões de cerca de 2000 quilómetros com a Sra. Vivien até às montanhas de Ruwenzori. Está satisfeita com esta calma, longe do rebuliço das cidades, da guerra, sem compromissos políticos, sem ter de se preocupar com as autoridades belgas ou francesas no Congo.” [Do Prefácio de Gonçalo Vilas-Boas]
Escritos Africanos (tradução de Maria Antónia Amarante, prefácio e seleção de Gonçalo Vilas-Boas) e outras obras de Annemarie Schwarzenbach estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/annemarie-schwarzenbach/
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