18.4.23

Sobre A Terra de Naumãn, de H. G. Cancela

 



«Este ano não houve Troca de Ovos. Todos os solstícios da estação seca, durante setenta gerações, as comunidades reuniram­‑se no Planalto de Naumãn. No alto das escarpas de granito, onde arde o fogo, erguem­‑se as muralhas com sete Portas. Éramos seis comunidades. Cada comunidade acedia ao espaço ritual pela sua Porta. A sétima, aprendíamo­-lo desde a primeira vez que pisávamos o Planalto, era para aqueles que viriam. Uma promessa de posteridade. A garantia de que, depois de cada dia, haveria outro dia, depois de cada ano, haveria outro ano, depois de cada comunidade, haveria outras comunidades. Nós, Naumans de dedos hábeis, respeitamos o passado, mas veneramos o Futuro.

No solstício em que perfazia catorze anos, eu, Alva, da comunidade de Uila, fui com os outros Naumans do mesmo ano conduzida ao Planalto. Enquanto subíamos as rampas que conduziam às Portas, todos levávamos os olhos vendados por uma faixa de sete voltas, tantas quantos os meses em que se divide o ano.»


Em «A Terra de Naumãn», H. G. Cancela conduz-nos através de uma narrativa juvenil e fantástica até uma fábula de contornos apocalípticos.

A Terra de Naumãn e outras obras de H. G. Cancela estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/h-g-cancela/

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