7.10.22

Prémio Nobel da Paz atribuído às organizações Memorial e Center for Civil Liberties e ao activista de direitos humanos bielorrusso Ales Bialiatski

 




A Relógio D’Água publicou recentemente «Cartas do Pai — Cartas dos Pais Reclusos no GULAG aos Filhos», uma edição da organização Memorial, que acaba de ser um dos contemplados com o Prémio Nobel da Paz.


«Cartas do Pai» reúne cartas de dezasseis homens, a maioria membros da intelligentsia soviética, presos em campos do GULAG. As cartas são dirigidas aos filhos e às mulheres. No seu conjunto, são testemunhos do período mais duro da repressão estalinista na URSS.

As cartas são por vezes ilustradas por pais empenhados em encorajar a formação científica e literária dos filhos.


«Uma grande parte dos pais que escreviam cartas aos seus filhos nunca mais os viram, poucos foram os que voltaram, quase todos eles foram fuzilados ou morreram de uma morte precoce, de fome e do trabalho extenuante. Presentemente, até muitos dos destinatários, seus filhos, já não existem neste mundo. Mas nos arquivos da organização Memorial conservam-se essas cartas preciosas — grande monumento ao amor.» [Do Prefácio de Liudmila Ulítskaia]


«A sociedade Memorial foi fundada em 1988 com um amplo movimento social em que participaram pessoas das mais diversas gerações e destinos, e por vezes de diferentes convicções políticas – e não apenas antigos reclusos e seus familiares, mas também jovens, pessoas que apoiavam a ideia da edificação de um Estado democrático de direito. O primeiro presidente do Memorial foi o académico Andrei Sakhárov.

Ao longo de mais de 30 anos, o Memorial representou uma união de dezenas de organizações na Rússia, na Alemanha, em Itália, na República Checa e na Ucrânia que desenvolveram uma actividade de investigação, de defesa dos direitos humanos e também educativa. Por iniciativa do Memorial, e com a sua participação, foi aprovada em 1991 uma lei sobre a reabilitação de pessoas vítimas de repressão política, que proclamou o dia 30 de Outubro como dia em memória das vítimas de repressão política.

Desde o momento da sua criação, uma das principais tarefas que o Memorial se colocou foi a formação de um espaço de memória cultural das repressões políticas na URSS. Uma parte muito importante desse trabalho foi a recolha e conservação de testemunhos das vítimas da repressão política na URSS, que, segundo cálculos do Memorial, foram cerca de 12 milhões. Em 30 anos foram criados na Rússia o único museu temático, uma colecção museológica, círculos documentais e uma biblioteca especializada.

Outro aspecto da actividade do Memorial foi o regresso ao espaço público dos nomes e das biografias das vítimas. Foi criada uma base de dados electrónica de mais de 3 milhões de vítimas da repressão política. […]» [p. 269 de «Cartas do Pai»]


«Cartas do Pai» está disponível em https://relogiodagua.pt/produto/cartas-do-pai-cartas-dos-pais-reclusos-no-gulag-aos-filhos-pre-venda/

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