19.9.22

Sobre As Sibilas, de Mónica Baldaque

 



«Mas na verdade Amélia só morreria quatro anos depois de Agustina ter contado a sua história, como se tivesse recebido de suas mãos o talento para a contar, interminavelmente, como tudo o que não é só nosso. E isso, o que o explica?

Uma cólera? Uma vontade de a ver acabar, desaparecer da vida, onde já não tinha lugar? Porque o nosso lugar na vida tem muito pouco tempo. Às vezes, um dia basta para que se esgote o seu sentido, e seja belo. O resto são minutos de espera e de agonia.


Entre Amélia e Agustina, há a uni-las um cordão de ouro, onde se suspende um coração com uma pomba e um nome inscrito. Foi destinado a Agustina, antes de nascer, como um presságio, uma oferenda de uma raiz de ouro.

Dessa raiz cresceu uma vida, e uma obra grande e singular, que a engrinalda e eterniza.

Só assim vale a pena a vida — se formos capazes de a eternizar.»


«Sapatos de Corda — Agustina» e «As Sibilas — Diálogos em sfumato» de Mónica Baldaque estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/monica-baldaque/


As obras de Agustina Bessa-Luís já editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/agustina-bessa-luis/

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