30.4.22

Sobre Madame Bovary, de Gustav Flaubert

 



«Madame Bovary sou eu», disse uma vez Flaubert, a quem o êxito do seu romance publicado em 1857 acabou por irritar, de tal modo eclipsou os seus outros livros.

Emma Bovary persegue a imagem do mundo que lhe é dada por uma certa literatura desligada da realidade. Arrastada pelas suas ilusões, a mulher do prosaico Charles Bovary imagina-se uma grande amorosa.

A realidade revela-se impiedosa. E, no entanto, Madame Bovary, na época judicialmente perseguido devido à sua «cor sensual» e à «beleza provocadora de Emma», está longe de ser uma simples lição de realismo.


«O romance, que em breve seria rotulado de “realista” pelos seus contemporâneos — embora Flaubert resistisse à etiqueta, como resistia a alinhar‐se com qualquer “escola” literária —, é agora visto como a primeira obra‐prima da ficção realista. Contudo, quando o descobrimos, temos paradoxalmente muita dificuldade em entender onde está o seu carácter radical, pela simples razão de que Madame Bovary mudou, de facto, e definitivamente, a forma como os romances passaram a ser escritos, e por isso a sua abordagem parece‐nos, agora, absolutamente familiar.» [Da Introdução de Lydia Davis]


Madame Bovary, de Gustave Flaubert (trad. João Pedro de Andrade), com introdução de Lydia Davis (trad. José Mário Silva) estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/gustave-flaubert/

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