24.12.21

Livros da Relógio D’Água nas escolhas dos críticos do Público

 





O suplemento Ípsilon do Público de 24 de Dezembro publica as listas dos livros que os seus críticos escolheram para destacar o ano de 2021 (referimos apenas os editados pela Relógio D’Água).





Isabel Lucas escolheu A Promessa, de Damon Galgut. Além disso, celebrou as traduções de O Doutor Fausto, de Thomas Mann, e de Diários, de Sylvia Plath: «houve editores a arriscar e há muitas obras de fôlego que pedem, pelo menos tempo», e destacou Diário da Peste, de Gonçalo M. Tavares, no «ano da peste, mote para muitos escritos, especulações.




Helena Vasconcelos seleccionou Hamnet, de Maggie O’Farrell, com a sua «reconstituição do ambiente familiar de William Shakespeare e a recuperação da vida estranha, bizarra e misteriosa de sua mulher, Anne», que abriu à atra irlandesa «as portas para um sucesso merecido».





José Riço Direitinho destaca A Noite do Morava, de Peter Handke, e Os Invisíveis, de Roy Jacobsen, «a história de uma família que vive sozinha numa ilha da costa norueguesa e cuja acção decorre na primeira metade do século XX. A obstinação e a tenacidade das personagens parecem algo que ficou das histórias míticas dos eternos heróis das sagas vikings, virtudes descritas através de uma natureza hostil, de paisagens desoladas, austeras e terrivelmente frias, que a família enfrenta rudemente quase até à exaustão. Como num coro trágico que não cessa de evocar a inevitável desolação da existência.»





Isabel Coutinho escolheu Diário da Peste, de Gonçalo M. Tavares, «resposta às nossas inquietações em tempo de pandemia».





Entre as escolhas de Mário Santos estão, num elogio «à tradução, o mais terrível dos ofícios literários», O Doutor Fausto, de Thomas Mann, e A Noite do Morava, de Peter Handke: «Cerca de 60 anos separam a publicação original da biografia imaginária de Adrian Leverkühn — que mana de um dos mais férteis mitos europeus — da publicação original de A Noite do Morava, périplo também europeu e biográfico, e também ideológico e estético, de um escritor que deixou de escrever. Encenado numa embarcação num rio dos Balcãs, imagem dupla e antinómica do refúgio e do exílio. São ambos — o livro de Mann e o de Handke — inflexíveis romances de ideias, marcados por guerras trágicas.»




Hugo Pinto Santos distinguiu Canoagem, de Joaquim Manuel Magalhães, «um dos livros mais injustamente ignorados do ano, no que à poesia diz respeito»; e Condition Report, de Madalena de Castro Campos: «É de uma poeta que surge uma das mais inesperadas propostas na ficção publicada este ano. […] deixa os versos pela construção de uma narrativa que retém a mesma capacidade de escavar fundo no universo pessoal das suas personagens, bem como na mais aparente (ou efectiva) banalidade, para alcançar uma questionação tão subtil quanto incisiva de preocupações como os géneros, a dispersão geográfica, o vazio e a voracidade das sociedades contemporâneas, e a possibilidade de sentido.»





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