28.9.21

Sobre As Telefones, de Djaimilia Pereira de A

 



«Na obra de ficção de Djaimilia Pereira de Almeida, a temática da relação histórico-social (mas também psicológica, digamos mesmo psicanalítica) entre Portugal e as ex-colónias, sobretudo Angola (onde nasceu), é, por assim dizer, obsessiva. Essa temática desenvolve-se predominantemente através de um estilo coloquial, centrando-se nas histórias das vidas, por vezes trágicas mas também tragicómicas e até rocambolescas, dos lusófonos africanos, antes e depois da guerra colonial e da independência das colónias, histórias quer daqueles que imigraram para Portugal quer dos que decidiram ficar em África. Uma temática centrada frequentemente em questões de identidade e que começa com o primeiro romance, Esse Cabelo (2015), de cariz autobiográfico, intensificando-se e tornando-se mais complexa, a nível das personagens bem como da linguagem, com Luanda, Lisboa, Paraíso (2018).

Em As Telefones trata-se, sobretudo, de uma sequência fragmentária de numerosas e regulares comunicações por telefone, à distância de milhares de quilómetros e ao longo de dezenas de anos, entre Filomena, a mãe, e Solange, a filha, a primeira residindo em Angola e a segunda em Portugal. Ao longo dessas comunicações telefónicas fragmentárias, sem linearidade, ambas tentam captar imagens uma da outra, imagens quer externas (as do corpo) quer interiores (os sentimentos, os pensamentos imediatos, mais ou menos explícitos, a memória). Mas, de facto, tudo nessas comunicações fragmentárias acaba por ser uma abstracção […].» [Álvaro Manuel Machado, Colóquio/Letras, 208, Setembro/Dezembro 2021]


As Telefones e outras obras de Djaimilia Pereira de Almeida estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/djaimilia-pereira-de-almeida/

Sem comentários:

Enviar um comentário