«De março a junho do ano passado Gonçalo M. Tavares escreveu diariamente, para o Expresso, este conjunto de páginas agora coligidas. Talvez não seja ainda o momento propício para se fazer um balanço do que se precipitou, do que se abateu sobre nós todos, daquilo que, num curto espaço de tempo, alterou radicalmente a nossa paisagem – tanto que ainda andamos, esses amigos dispersos, disseminados, pela terra, como diria um conhecido filósofo, a tentar perceber o que aconteceu ali por volta de 1914. Mas isto talvez se possa dizer: de todo o oceano de literatura, entre ensaios, romances, poemas, testemunhos, crónicas, todo esse mar imenso, que foi sendo produzido em poucos meses e que tentou, de forma mais ou menos interessante, dar conta da radical novidade que a epidemia instaurou, Diário da Peste é, possivelmente, um dos monumentos àqueles meses, conservando e sendo arrastado por uma perplexidade cujos limites ainda não conhecemos, ainda não cartografámos totalmente – e cuja tensão se deixa ler um todos os momentos, em todas as entradas, em todas as frases curtas, paratácticas, que nos chegam de um outro tempo e de um outro espaço.»
[João Oliveira Duarte, «https://ionline.sapo.pt/artigo/739978/goncalo-m-tavares-relatorio-sobre-o-fim-do-mundo?seccao=Mais_i», «Jornal I», 2021/07/07]
«Diário da Peste» e outras obras de Gonçalo M. Tavares estão disponíveis em: https://relogiodagua.pt/autor/goncalo-m-tavares/
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