«No início do presente volume — que comenta reflexivamente as “impressões” colhidas naquela viagem inaugural, e cujos textos foram publicados no início de 1863 numa revista dirigida pelo escritor —, o desejo longamente perseguido [de conhecer a Europa] é relembrado (com ligeira variante) […]. A ambivalente fascinação exercida pela “Europa” (isto é, Paris) entre os intelectuais e a elite social e mundana desse tempo na Rússia talvez só seja comparável à que era então padecida por castas idênticas no extremo ocidental do continente. Daí que o périplo europeu fosse indispensável: “Quem é que entre nós, russos (isto é, aqueles que lêem, ao menos as revistas), não conhece a Europa duas vezes melhor do que a Rússia?” Por isso, o autor não perde tempo com excessivas futilidades turístico-incidentais […]. E, como o cardápio politicamente correcto talvez não tivesse ainda sido inventado, Dostoievski lança-se gloriosamente numa actividade que seria “irresistivelmente agradável” aos russos: zurzir os estrangeiros.» [Mário Santos, ípsilon, Público, 5/6/2020]
Notas de Inverno sobre Impressões de Verão e outras obras de Fiódor Dostoievski estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/fiodor-dostoievski/
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