Passam hoje 150 anos da morte de Charles Dickens, cuja obra Eça de Queirós resumiu deste modo: «Nenhum outro romancista possuiu como ele o poder de criar figuras vivas, e o dom supremo de comover e de produzir as lágrimas e o riso, de fazer sentir, de fazer pensar.» E, de modo igualmente lapidar, Chesterton considerou que «Dickens nasceu, viveu e morreu, mas a sua presença ficou para sempre».
As obras de Charles Dickens editadas pela Relógio D’Água estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/charles-dickens/
Charles Dickens nasceu em Landport, Portsmouth, Grã-Bretanha, a 7 de Fevereiro de 1812. Era o segundo de oito filhos. O seu pai, empregado nos serviços do porto e de espírito fantasioso, abandonou a instrução de Charles, que se foi educando, ao acaso, depois de sair da escola primária, que frequentou entre os sete e os nove anos.
Fugindo aos credores, a família mudou a residência para Chatham e depois para Londres, onde o pai de Dickens acabou por estar preso na prisão de Marshalsea, residência habitual de devedores insolventes. Toda a família viveu ali durante algum tempo, ficando Dickens abandonado a si próprio. Empregou-se numa drogaria, onde passou diversas humilhações, embalando durante dois anos pomada para calçado. Entretanto, o pai recebera uma pequena herança e tornara-se repórter parlamentar.
Dickens, a quem a mãe, uma mulher instruída, ensinara o que sabia, foi enviado para um colégio de Hampstead Road, em que permaneceu dois anos, saindo dali para um cartório de um advogado, experiência que surge, tal como vários episódios da sua infância, transfigurada em David Copperfield. Nessa altura, frequentou a biblioteca do British Museum, e em 1828 começou a fazer relatos parlamentares, mas só em 1833, ao ingressar na redacção do Morning Chronicle, se lança no jornalismo. O seu primeiro trabalho foi publicado em 1834 no Old Monthly Magazine e integrado na colecção Sketches by Boz, seu primeiro pseudónimo. Em 1836 casou com Catherine Hogarth, filha de um seu companheiro de redacção, e publicou a obra que o devia tornar famoso, Os Cadernos de Pickwick.
Com tiragem inicial de 400 exemplares, o livro em breve alcançaria os 40 mil exemplares. A partir de então, Dickens escreveu vários romances, entre os quais Oliver Twist (1838), The Old Curiosity Shop (1840-41), Martin Chuzzlewit (1843-44), David Copperfield (1850), Tempos Difíceis (1854), Little Dorrit (1855-57), Grandes Esperanças (1861) e o notável O Amigo Comum (1865). Dickens fez duas viagens à então jovem república da América, no decurso das quais foi entusiasticamente recebido. Mas a América desiludiu-o, como se pode ver nas suas American Notes (1842). Ao fim de vinte anos de casado, Charles Dickens divorciou-se, dividindo entre ele e a mulher os filhos que tiveram. Já no fim da vida, viajou por Itália e foi convidado para conferências na Austrália. Em 1860 a sua saúde começou a fraquejar. Morreu em Londres a 9 de Junho de 1870, sendo enterrado no Poets’ Corner da Abadia de Westminster.
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