28.4.20

Sobre As Confissões de Félix Krull, Cavalheiro de Indústria, de Thomas Mann



«Nas horas vagas da minha aposentação, no momento em que pego na pena para registar as minhas recordações (são de corpo, mas cansado, tão cansado que a narrativa avançará por pequenas etapas, mas com frequentes interrupções), no momento — dizia — em que, com a minha letra nítida e agradável, me preparo para fazer as minhas confissões ao paciente papel, sou assaltado por um escrúpulo fugitivo. Com a minha cultura e a minha instrução, estarei eu à altura deste empreendimento intelectual? Como o que tenho a dizer se refere às minhas experiências, erros e paixões estritamente pessoais e directos, a minha dúvida incide apenas sobre o ritmo e a qualidade do meu modo de expressão. Ora eu penso que, em assuntos desses, os estudos aturados e levados até ao fim têm menos importância do que uma vocação natural e uma educação cuidada desde o berço.» [As Confissões de Félix Krull, Cavalheiro de Indústria, p. 9]

As Confissões de Félix Krull, concebido embora antes da I Guerra Mundial, é o seu último livro. Neste romance, parte do qual decorre em Lisboa, Thomas Mann atinge um dos pontos culminantes da sua criação com o personagem Krull, um imaginativo e amável impostor.


As Confissões de Félix Krull, Cavalheiro de Indústria (trad. Domingos Monteiro) e outras obras de Thomas Mann estão disponíveis em https://relogiodagua.pt/autor/thomas-mann/

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