10.7.19

Sobre Em busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust




Em Busca do Tempo Perdido é um livro que tem, nas palavras do seu autor, «a forma do tempo».
E, na verdade, o que distingue este romance é o reforço da sua concepção da memória como recriadora do passado. É isso que permite o misterioso encanto da narrativa e o tom de dolorosa nostalgia em que o passado envolve o presente.
Mas o recurso à memória involuntária faz com que Proust nunca transmita uma realidade de que a sua imaginação esteja ausente.
Ainda muito jovem, conhecia de cor todos os pormenores da vida das damas que tinham frequentado os salões de Paris desde o século xvii, como Madame La Sablière ou Madame de Staël.

E foi precisamente à sensação da decepção em relação ao imaginado que ele sentiu nos salões parisienses que foi buscar muitas das personagens que povoam o seu universo ficcional, onde o amor e o ciúme ocupam o lugar central.

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