27.5.19

Norberto Morais em entrevista e pré-publicação no JL, a propósito de A Balada do Medo, a publicar em breve na Relógio D’Água





«Na sua terra, é conhecido por Cornélio Santos Dias de Pentecostes, mas no resto do país e no estrangeiro apresenta-se com outros nomes, outras vidas. O protagonista do novo romance de Norberto Morais, A Balada do Medo [a publicar em breve na Relógio D’Água], é um caixeiro-viajante, mulherengo e feliz. Até ao dia em que a morte lhe aparece sob a forma de um sicário. Com um mês de vida — é essa a ameaça — terá de se confrontar com a realidade. Visto com os olhos de um condenado, a sua existência não é afinal tão encantadora, nem simples, nem feliz. Fazendo jus à sua formação em Psicologia, o escritor mergulha numa mente cada vez mais inquieta. Ao contrário dos dois romances anteriores, centrou-se intencionalmente numa única personagem. Talvez tenha perdido em diversidade, mas na sua opinião esta pesquisa humana e literária compensou largamente. Para sobreviver, Cornélio Santos tem de pagar cem cádos (tudo se passa numa geografia imaginária) por dia. E de descobrir quem o quer matar.
[…]
— O argumento, na verdade, assenta na luta contra a morte.
— Exatamente. O livro tem como protagonista um caixeiro-viajante com múltiplas vidas. Em cada cidade por onde passa é uma pessoa diferente. Sem nunca ser ele próprio, acaba também por nunca saber quem verdadeiramente é. Na sua opinião, leva uma vida normal, com mulher e quatro filhos e muitos casos espalhados pelas suas viagens. Um dia, porém, é confrontado com uma sentença de morte. A partir daí, tudo lhe cai em cima.

— O romance passa-se numa geografia pouco precisa. Porquê?

— Tem sido assim desde o meu primeiro romance. Criei uma espécie de sexto continente, uma América Latina só minha. Para quem conhece essa região, a sua geografia e história, é fácil encontrar paralelismos com esse meu continente literário. Mas há diferenças, misturas, conhecimento que vem só dos livros e da imaginação.» [JL, 22/05/2019]

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