20.3.19

Sobre Fernão de Magalhães, de Stefan Zweig




«Comecei a pensar nas primeiras viagens dos conquistadores dos mares, evoquei-os em íntima visão; senti profunda vergonha da minha impaciência. Despertado este sentimento, nunca mais me abandonou durante a travessia, e nem por um momento pude libertar-me da obsessão destes heróis. Comecei a desejar saber mais alguma coisa da vida daqueles que primeiro ousaram travar combate com os elementos; necessitava de ler a narrativa das primeiras viagens pelos mares desconhecidos, essas narrativas que tanto alvoroçavam já a minha fantasia de adolescente. Dirigi-me à biblioteca do navio e tomei, ao acaso, uns volumes. Entre todos os vultos, um se ergueu mais dominador, e aprendi a admirar o feito de quem, segundo o meu parecer, realizou o que de mais grandioso existe na história do descobrimento da terra: Fernão de Magalhães — aquele que partiu de Sevilha, com cinco minúsculos barcos, para dar a volta ao mundo. É talvez a mais extraordinária odisseia na história da humanidade, esta expedição de 265 homens decididos, dos quais só regressaram 18 no navio desmantelado, mas trazendo içada no mastro a bandeira da máxima vitória.» [Da Introdução]

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