«Num belíssimo livro de memórias, Natalia Ginzburg escreveu sobre histórias da sua família, situações iguais às de tanta gente, às de toda a gente
Última de cinco irmãos de uma família burguesa de origem judaica instalada em Turim nos anos do fascismo, Natalia Ginzburg (1916-1991) escreveu romances autobiográficos lúcidos e límpidos, mas a sua melhor autobiografia é uma biografia dos outros. Em “Léxico Familiar” (1963) os outros é que importam, e o “eu” apaga-se, de modo que até instantes decisivos como o casamento da autora, o nascimento dos filhos, a prisão e morte do marido, aparecem de fugida, numa frase, meia frase. Ginzburg diz numa nota introdutória que não inventou nada, que escreveu aquilo de que se lembrava, tal como se lembrava; mas também nota que a memória é feita de fragmentos e lacunas, de omissões, e que por isso uma autobiografia se lê “como se fosse um romance”.» [Pedro Mexia, E, Expresso, 9/2/2019]
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