23.7.18

Jaime Rocha entrevistado por Tiago Alves Costa na revista Palavra Comum




«Afirma que o seu livro “Preparação para a Noite” é um registo poético mais seu, um regresso a um ambiente mais urbano. A cidade possui essa cadência fulgurante e sedutora do real?

O meu livro “Preparação para a Noite“, publicado em 2017, na editora Relógio D’Água, de Lisboa, é um regresso à cidade, após uma tetralogia poética muito particular que atravessou uma década dedicada e inspirada praticamente ao mundo dos pré-rafaelitas ingleses, poetas e pintores do séc. XIX (Dante Gabriel Rossetti, Swinburne, Burne-Jones, William Morris, Millais, Elizabeth Siddal, entre outros). A “Preparação para a Noite” foi o retomar de um registo poético iniciado pelo meu livro “Do Extermínio”, publicado pela primeira vez em 1995. A cidade seduz-me tanto como me perturba e ameaça. É um real muito forte, perigoso, sujo, violento, onde se vive na iminência da morte, dentro de um perigo constante, sem saída, angustiante, que sufoca. Assim eu a vejo, no meio de alguma festa e de uma imensa liberdade, bem como de uma fulgurante beleza. Neste caldeirão urbano, descubro também os textos que dão forma ao meu teatro e aos meus romances (para além do texto narrativo ligado à minha memória de infância de que é exemplo a “Escola de Náufragos“, de 2016), aquilo que sobra da poesia e que é muito.»


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