Diogo Vaz Pinto conversou com António Sousa Ribeiro, tradutor de Nesta Grande Época, de Karl Kraus.
«Karl Kraus, o mais terrível dos grandes escritores do século passado, empreendeu de 1899 a 1936 uma avassaladora campanha satírica contra a hipocrisia moral dominante. A revista Die Fackel (O Archote), que manteve até à sua morte, com o propósito declarado de «lançar um grito de combate» à sua época, teve 922 números publicados, num total de cerca de 23 mil páginas, funcionando como um «tribunal» perante o qual foram chamados a comparecer os intervenientes de uma trama mais sórdida do que todas as guerras. Para Kraus, nada teve consequências tão devastadoras como o processo de falsificação que passou a ser o modo de actuação da imprensa. (…) E, numa nota de rodapé, no excelente prefácio de Nesta Grande Época – volume de «sátiras escolhidas» que António Sousa Ribeiro viu publicado há semanas pela Relógio D’Água –, podemos ler este comentário de Kraus: «Já não tenho colaboradores. Tinha inveja deles. Eles afastam-me os leitores de que quero ver-me livre eu próprio.» Aproveitando a publicação desta peça crucial para que, um século depois, o leitor português possa tomar contacto com esta obra monumental do «maior satirista de língua alemão» (como lhe chamou Elias Canetti), aproveitámos para falar com o seu tradutor, e um dos seus grandes especialistas mundiais.»
A entrevista ao i (30/4/18) pode ser lida aqui.
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