24.4.18

Sobre As Rotas da Seda, de Peter Frankopan




«A ideia é recontar a história do mundo numa perspetiva diferente. Em vez de a centrar na Europa, partindo da génese tradicional Grécia-Roma, deslocar o eixo para Oriente. O verdadeiro centro do mundo — o Mediterrâneo, na aceção etimológica da palavra — passa a estar algures entre o Médio Oriente e a Ásia Central. Não é uma vi~soa inteiramente nova. Muitos ainda recordamos um livro que lemos no liceu, “A História Começa na Suméria”, de Samuel Noah Kramer, cujos 39 capítulos são dedicados a outras tantas coisas (escolas, farmácias, parlamentos bicamerais, subornos…) que apareceram primeiro na Mesopotâmia. O propósito de Frankopan, contudo, é bastante diferente. O seu âmbito geográfico é a Eurásia inteira, e o temporal os últimos dois mil e trezentos anos. (…) Uma demonstração fascinante, cheia de factos surpreendente e de conclusões que para muitos leitores poderão sê-lo. Por exemplo: no final do primeiro milénio, a europa pouco mais tinha para comerciar do que escravos, e mesmo cinco séculos depois esse tráfico foi largamente responsável pelos avanços portugueses em África; a Peste Negra serviu como catalisador da igualdade económica (“o despovoamento crónico teve o efeito de aumentar abruptamente os salários, dado o valor crescente da mão-de-obra”); “o comunismo não nasceu da Guerra da Crimeia mas tornou-se mais acutilante graças a ela”.» [Luís M. Faria, Expresso, E, 21/3/2018]

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