«A partir de 1902, ano em que publica o texto “Moral e criminalidade”, Kraus encontra o seu primeiro grande tema, a hipocrisia da moral dominante e as suas consequências, nomeadamente, para a opressão da mulher, vitimizada pelo aparelho judiciário com a conivência activa de uma imprensa sensacionalista. Nesta área sobre todas sensível numa sociedade de cariz vitoriano, reina a mais nefasta confusão entre o público e o privado: enquanto assuntos públicos são tratados como negócios entre particulares, a esfera privada, nomeadamente a esfera íntima da mulher, é invadida sem quaisquer escrúpulos. A crítica à moral sexual dominante e, em particular, ao uso de um enquadramento jurídico obsoleto e misógino como sustentáculo de uma sociedade hipócrita, que nega à mulher o direito à sexualidade, percorre toda a primeira década da revista, atingindo, pode dizer-se, um quase paroxismo num texto como “A muralha da China”, de 1910, incluído no presente volume.» [Do Prefácio de António Sousa Ribeiro]
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário