«(…) Knausgård parece querer mostrar à filha o que pode esperar do mundo, da complexidade da natureza, das pessoas e dos seus sentimentos, porque todos “estamos entregues uns aos outros” e é preciso aprender a lidar com isso. “É estranho que existas, mas que não saibas nada de como é o mundo. É estranho que haja uma primeira vez que se vê o céu, uma primeira vez que se vê o Sol, uma primeira vez que se sente o ar na pele. É estranho que haja uma primeira vez que se vê um rosto, uma árvore, um candeeiro, um pijama, um sapato. Na minha vida isso já quase não sucede. Mas em breve voltará a acontecer. Daqui a apenas uns meses vou ver-te pela primeira vez.»
Cada um dos textos obedece a uma mesma estrutura: o autor começa por descrever (por vezes com uma precisão quase infantil, ou como se o fizesse para um ser alienígena) o objecto ou a ideia que titula a pequena narrativa; depois tece mais umas quantas considerações, e passadas umas linhas relaciona-o com um sentimento, uma memória da sua vida (por vezes da sua infância), uma situação social, e fá-lo quase sempre com aquela singular intensidade que o caracteriza desde os seis volumes de A Minha Luta. (…)
A escrita de Karl Ove Knausgård transforma o tempo em palavras, como se com a sua subtileza de narrar, de poder introspectivo e visceral, se libertasse de incomodidades obscuras (…).» [José Riço Direitinho, Público, ípsilon, 15-9-17]
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