«Veneza
produz simultaneamente duas sensações na aparência contraditórias: por um lado,
é a cidade mais homogénea — ou, se se prefere, harmoniosa — de todas as que
conheci. Por homogénea ou por harmoniosa entendo principalmente o seguinte: que
qualquer ponto da cidade, qualquer espaço luminoso e aberto ou recanto
escondido e brumoso que, com água ou sem ela, entre a cada instante no campo
visual do espectador é inequívoco, isto é, não pode pertencer a nenhuma
outra cidade, não pode confundir-se com outra paisagem urbana, não suscita
reminiscências; é, portanto, tudo menos indiferente. (…)
Por outro
lado (e aqui está o contraditório), poucas cidades parecem mais extensas e
fragmentadas, com distâncias mais intransponíveis ou lugares que provoquem uma
maior sensação de isolamento.»
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