«A
poesia de Mário de Sá-Carneiro, sobretudo nalguns poemas de Dispersão,
possui um fulgor, uma força e um dinamismo únicos na lírica portuguesa
contemporânea. Pode-se dizer que na sua obra há poemas que nascem de uma
impulsão arrebatadora que domina inteiramente a consciência e o corpo, e para a
qual a imaginação e a linguagem encontram imediatamente a síntese viva e
fulgurante da realidade poética. Essa impulsão pode ser tão intensa e
instantânea que se volve vertigem, delírio ou álcool (palavras-chave da poesia
do autor de Indícios de Oiro) ou esvai-se, após o seu súbito surgir, ou
então obscurece a consciência do sujeito: «Mas a vitória fulva esvai-se logo… /
E cinzas, cinzas só, em vez de fogo…», «É só de mim que ando delirante — /
Manhã tão forte que me anoiteceu.» [Do Prefácio de António Ramos Rosa] PVP: € 7,50
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