17.8.16

Sobre A Nova Odisseia, de Patrick Kingsley




 
«Um livro sobre a maior crise humanitária da Europa no pós-guerra — a dos refugiados — tem forçosamente muitas histórias impressionantes. Algumas grandes, de tragédias onde morrem centenas de pessoas; outras pequenas, de coisas inesperadas que se fazem ou dizem. Entre estas últimas inclui-se, por exemplo, a história de Yama Nayab, o cirurgião afegão que se encontra sentado num matagal sérvio à espera de saber literalmente o que vai ser da sua vida. Vendo passar o jornalista, estende-lhe um copo de água suja retirada de um poço e pede-lhe que aceite, explicando que no Afeganistão teria obrigação de oferecer algo ao seu “convidado”. Kingsley é de facto um convidado especial. Em 2015, aos 26 anos, foi nomeado o primeiro correspondente de emigração do jornal The Guardian. Anteriormente tinha coberto o Egito, um país no centro de tantas das questões que hoje afligem os países árabes. Quando os efeitos nos afetam diretamente, começamos a prestar atenção e o alarme público é quase imediato, mas convém ter uma noção de perspetiva. Kingsley lembra que mesmo os maiores números mencionados representam menos de um por cento do total da população europeia.
A Nova Odisseia, A História da Crise Europeia dos Refugiados — título escohido deliberadamente pelo seu poder alusivo, apesar de o autor reconhecer que a Eneida teria sido um paralelo mais adequado – explora as dimensões da crise em 17 países e três continentes.» [Luís M. Faria, Expresso, E, 13/8/2016]

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