«Um livro
sobre a maior crise humanitária da Europa no pós-guerra — a dos refugiados —
tem forçosamente muitas histórias impressionantes. Algumas grandes, de tragédias
onde morrem centenas de pessoas; outras pequenas, de coisas inesperadas que se
fazem ou dizem. Entre estas últimas inclui-se, por exemplo, a história de Yama
Nayab, o cirurgião afegão que se encontra sentado num matagal sérvio à espera
de saber literalmente o que vai ser da sua vida. Vendo passar o jornalista,
estende-lhe um copo de água suja retirada de um poço e pede-lhe que aceite,
explicando que no Afeganistão teria obrigação de oferecer algo ao seu “convidado”.
Kingsley é de facto um convidado especial. Em 2015, aos 26 anos, foi nomeado o
primeiro correspondente de emigração do jornal The Guardian.
Anteriormente tinha coberto o Egito, um país no centro de tantas das questões
que hoje afligem os países árabes. Quando os efeitos nos afetam diretamente,
começamos a prestar atenção e o alarme público é quase imediato, mas convém ter
uma noção de perspetiva. Kingsley lembra que mesmo os maiores números
mencionados representam menos de um por cento do total da população europeia.
A Nova
Odisseia, A História da Crise Europeia dos Refugiados — título escohido
deliberadamente pelo seu poder alusivo, apesar de o autor reconhecer que a Eneida
teria sido um paralelo mais adequado – explora as dimensões da crise em 17 países
e três continentes.» [Luís M. Faria, Expresso, E, 13/8/2016]
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