12.8.16

Sobre Michel de Montaigne




«Voltando aos seus escritos, agora que sou mais velho do que ele era em 1571, surpreendo-me porque aprecio quase tudo: a auto-análise, mesmo nas suas complacências; a modéstia, mesmo quando por boa educação; a intenção de “nada afirmar audaciosamente, nada negar irreflectidamente”, tão contrária à minha educação; a vida entendida enquanto “cosa mentale”; o cepticismo face às doutrinas que nos dizem como viver bem; o temperamento sossegado e equilibrado que me dizem ser o meu; a escrita toda em digressões e anotações; a recusa da amargura mesmo no abatimento; e, acima de tudo, a divisa “que sais-je?”, que sei eu?, uma pergunta de bibliófilo, tão indispensável quanto inútil.» [Pedro Mexia, Expresso, E, 30-07-2016]

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