«Se olharmos
para estas histórias também como fábulas alegóricas da espécie humana,
parecem-nos irredutivelmente justas, generosas e brutais a um só tempo, cheias
de complexidades e livres de esterótipos. O homem não ocupa um lugar superior
entre as outras espécies e é frequentemente comparado com os macacos
(“vaidosos, tolos e tagarelas é o que os macacos são”, afirma Kaa, a cobra
gigante. Mas sofre igualmente com “toda a casta de acidentes que pode acontecer
ao Povo da Selva”, como fica claro no conto “como o medo chegou”: a seca
prolongada traz a fome e a sede, levando os animais a recuperarem velhos pactos
de sobrevivência. (…)
Se a visão do
mundo de Kipling perdeu sentido, o mesmo não se pode dizer destes contos que
podem ser lidos de forma corrida ou seletiva, pois nem todos têm Mogli como
personagem. Elaborada mas fluente, viva nos diálogos, sempre refletida, nessta
prosa se refletem muitas das questões ecológicas, políticas e filosóficas que
estão na ordem do dia.» [Ler, Verão de 2016]
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