[fotografia de Paolo Pellegrin]
O último número da revista
E do Expresso publicou uma extensa reportagem do escritor norueguês Karl
Ove Knausgård, que viajou até à capital da Albânia para assistir às operações
realizadas pelo neurocirurgião britânico Henry Marsh. O médico inglês foi o
inventor de um novo tipo de operações para remover tumores cerebrais em doentes
que se devem manter conscientes.
Karl Ove Knausgård
assistiu às operações realizadas num pedreiro e numa estudante de Medicina
albaneses. Fala-nos tanto da sensação de uma operação ao cérebro como das
atitudes e reacções de Marsh e dos seus colegas médicos.
«Numa noite de domingo,
pelo fim de agosto, cheguei a Tirana (Albânia), num voo proveniente de Istambul.
O sol tinha-se posto quando o avião ia a meio caminho, e, ao aterrarmos no
escuro, imagens da luz a desvanecer-se ainda me enchiam a mente. O homem junto
a mim, um jovem americano ruivo com um chapéu de palha, perguntou-me se sabia
ir do aeroporto para a cidade. Abanei a cabeça, pus o livro que estaba a ler na
mochila, levantei-me, tirei a minha mala do compartimento em cima e fiquei no corredor
à espera que a porta se abrisse.
O livro era a razão da
minha vinda. Chamava-se Do no Harm [Não Faças Mal] e era escrito pelo
neurocirurgião britânico Henry Marsh. O trabalho dele é cortar o cérebro, a
estrutura mais complexa que conhecemos no Universo e que contém tudo o que nos
faz humanos. O contraste entre o extremamente sofisticado e o extremamente
primitivo – todo aquele trabalho com bisturis, brocas e serras – fascinava-me
bastante. Tinha enviado a Marsh um e-mail a perguntar se podia
encontrar-me com ele em Londres para o ver operar. Ele escreveu uma resposta
cordial a dizer que agora era raro trabalhar lá, mas tinha a certeza de que se
podia arranjar algo. De passagem, mencionava que estaria a operar na Albânia em
agosto e no Nepal em setembro, e eu perguntei se poderia ir ter com ele à Albânia.»
[Tradução de Luís M. Faria]
De Karl Ove Knausgård a
Relógio D’Água publicará o quarto volume de A Minha Luta e o livro de
ensaios No Outono.
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