15.2.16

Todd Haynes considera sublime o Carol de Patricia Highsmith



 

Em entrevista a Francisco Ferreira no Expresso de 6 de Fevereiro, o realizador Todd Haynes considera que o livro Carol de Patricia Highsmith «é sublime». «Apaixonei-me por Carol imediatamente», acrescenta.
Todd Haynes refere que se trata do «único [livro] de Patricia Highsmith que não é um policial, [sendo], no entanto, uma história de amor proibida, estão lá a angústia e o medo do criminoso que receia ser apanhado».
Todd Haynes refere que, para fazer o filme, procurou aproximar-se da «experiência dela, que teve muitas namoradas e sempre asumiu, de uma forma discreta mas aberta, a sua homossexualidade. O meio literário em que se moveu também a protegia. Não posso esquecer a influência da argumentista Phyllis, também ela lésbica. E se acrescentar a isto a minha própria experiência de homossexual assumido, sinto-me autorizado a filmar esta história de amor diferente das outras.»
No entanto, à insistência de se «Carol é realmente uma história de amor diferente das outras?», o entrevistado é cauteloso. «Sim e não. E eu espero que este “sim” e este “não” se misturem a um ponto tal que já não os podemos destrinçar. A Therese daqueles anos 50 não sabe sequer escolher as palavras que descrevem o amor que está a viver. Ela não tem uma imagem, um exemplo de duas mulheres amantes que a levem a dizer-se: “Eu também sou assim.” Ela está perdida. A única coisa que a preocupa é saber se o seu amor é correspondido. Ora, esta é uma preocupação universal, homo e hetero. Quando nos apaixonamos, ficamos num estado de incerteza e de ansiedade. Ficamos à mercê de não sabermos o que é que a outra pessoa sente por nós. Conseguir fixar isto, para mim, era o mais importante.»
Quando surgiu no início dos anos 50 numa América puritana e conservadora, Carol fez com que Patricia Highsmith recebesse durante anos milhares de cartas de mulheres norte-americanas que lhe agradeciam.
 
 
E como é habitual acontecer com um cinéfilo, Todd Haynes reconhece o talento de uma autora que viu sete dos seus romances adaptados ao cinema, por realizadores como Alfred Hitchcock (O Desconhecido do Norte Expresso), Wim Wenders (O Amigo Americano), Anthony Minghella (O Talentoso Mr. Ripley), e agora Todd Haynes (Carol).

 

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