Publicamos Mataram a Cotovia
há quatro anos. Os leitores portugueses têm reconhecido nela um livro ímpar
sobre o crescimento de uma rapariga numa cidade de um Alabama racista e
devastado pela Grande Depressão.
Este livro único e até certo ponto autobiográfico fará com que Harper
Lee seja ainda lida e lembrada por muitas décadas. O que não impede que
permaneça o mistério da sua vida e de um silêncio público que se prolongou até
2015, ou seja, por mais de cinquenta anos.
Esse silêncio foi poucas vezes interrompido por cartas e outros
escritos. Em Julho de 2006, numa missiva a Oprah Winfrey, Harper Lee dizia:
«Agora, setenta e cinco anos mais tarde, na sociedade da abundância onde as
pessoas têm portáteis, telemóveis, iPods, e mentes que parecem quartos vazios,
eu prefiro teimosamente os livros.»
Situado em Maycomb, uma pequena cidade imaginária do Alabama, durante
a Grande Depressão, o romance de Harper Lee, vencedor do Prémio Pulitzer, em
1961, fala-nos do crescimento de uma rapariga numa sociedade racista.
Scout, a protagonista rebelde e irónica, é criada com o irmão, Jem,
pelo seu pai viúvo, Atticus Finch. Ele é um advogado que lhes fala como se
fossem capazes de entender as suas ideias, encorajando-os a refletirem, em vez
de se deixarem arrastar pela ignorância e o preconceito.
Atticus vive de acordo com as suas convicções. É então que uma
acusação de violação de uma jovem branca é lançada contra Tom Robinson, um dos
habitantes negros da cidade. Atticus concorda em defendê-lo, oferecendo uma
interpretação plausível das provas e preparando-se para resistir à intimidação
dos que desejam resolver o caso através do linchamento. Quando a histeria
aumenta, Tom é condenado e Bob Ewell, o acusador, tenta punir o advogado de um
modo brutal.
Entretanto, os seus dois filhos e um amigo encenam em miniatura o seu
próprio drama de medos, centrado em Boo Radley, uma lenda local que vive em
reclusão numa casa vizinha.
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